O presente projeto coordenado pela professora Giselda Brito Silva, buscou fazer um estudo sobre as metodologias de ensino promovido pelas missões evangelizadoras em Moçambique durante o período colonial. Durante a pesquisa foram feitos levantamentos dos livros e manuais escolares digitalizados e disponibilizados no site http://memoria-africa.ua.pt/. Ao longo da pesquisa foram encontrados 95 arquivos, dos quais foram selecionados inicialmente 10 relatórios entre os anos de 1935 e 1945. Ainda no site buscamos selecionar os livros e manuais escolares digitalizados, desse modo foram encontrados 30 arquivos, no entanto apenas 5 livros foram identificados como sendo voltados ao ensino em Moçambique, sendo os outros voltados para o ensino em Angola, Guiné-Bissau e Lisboa. Como forma metodológica buscamos fazer a análise do campo discursivo desses materiais, enfocando o tipo de ensino de história implementado nas escolas-missões (católicas e protestantes) frente à problemática da dissociação da língua e cultura portuguesa com a língua e cultura bantu moçambicana. A pesquisa nos mostrou que mesmo que a chegada dos portugueses em Moçambique tenha sido no final do século XIV, o processo de colonização se intensificou após a independência do Brasil e com o governo de Salazar. O salazarismo buscou a partir de símbolos de violência introjetados na legislatura, cultura e ensino moldar os corpos moçambicanos em mão de obra escrava além de promover o epistemicidio e apagamento de suas identidades. Desse modo, não restando alternativas a não ser seguir as regras impostas como subterfúgios de sobrevivência. Além disto, o sistema de ensino usou do fundamentalismo religioso e do discurso do colonizador salvador para justificar a exploração das terras e povos colonizados. Compreendemos que o ensino foi uma ferramenta política para exploração do trabalho e divisão de classes, carregado por um discurso eurocêntrico para transformar o salazarismo em direito e a obediência em dever.