Este artigo discute sobre desafios e possibilidades dos estudos etnográficos do campo escolar em áreas de vulnerabilidade social e dominados pela violência, sobretudo nas áreas urbanas. Trata-se um relato de experiência a partir de uma pesquisa de abordagem etnográfica realizada em Rio das Pedras, na cidade do Rio de Janeiro, local que tem o controle da milícia. Os instrumentos utilizados na pesquisa foram: entrevistas produzidas em áudio e vídeo, anotações no caderno de campo durante as observações participantes, áudio complementar as notas de campo e demais fontes como fotografias, documentos escritos e/ou produzidos pelos sujeitos participantes. Foram eleitos dois grupos de sujeitos primários. O grupo I é composto por três famílias que relataram sobre a mobilidade do Nordeste para Rio das Pedras; o grupo II é composto por alunos e alunas com matrículas no 4º ano do Ensino Fundamental. Foram sujeitos secundários: diretora, coordenadora, professores, funcionários membros da comunidade escolar e outros sujeitos colaboradores da pesquisa. Como objetivo geral, estudou e investigou a mobilidade dos sujeitos do Nordeste para Rio das Pedras e como estes descrevem a sua vivência escolar, que foi possível através da etnografia crítica. A análise de conteúdo se deu pelo método indutivo, a partir das vozes dos sujeitos participantes e sustentado pelo referencial teórico deste estudo. Os relatos enfatizam o emprego como razão que motivava a mobilidade, o ir e vir do Nordeste a Rio das Pedras, caracterizando-se a migração. A escola é vista como parte para a ascensão social do aluno, porém as condições sociais de algumas famílias e a mobilidade destes sujeitos, muitas vezes, ocasiona a saída e a entrada do aluno da escola durante o ano letivo, fato apontado pelos gestores da escola como possibilidade de impactos nos resultados escolares e avaliações.