O psicólogo russo Alexei Leontiev (1903-1979) e o filósofo húngaro György Lukács (1885-1971) tomaram parte do mesmo clima político e científico da Rússia pós-revolução de 1917. Participaram, cada um ao seu modo e da posição em que ocupavam, dos grandes esforços pela construção de paradigmas científicos que dessem curso ao ímpeto revolucionário pelo desvendamento e socialização dos princípios fundantes do ser social - como o fez Lukács na obra "Para uma ontologia do ser social" - e dos princípios fundantes do psiquismo humano - como foi o intento de Leontiev na obra “O desenvolvimento do psiquismo”. Tendo por fundamento a dialética materialista, ambos partiram do pressuposto da atividade vital humana como a responsável pela gênese e evolução do ser social e dos complexos que o constituem, dentre eles a educação. Em Lukács esse pressuposto ancora-se na categoria Trabalho; em Leontiev, na categoria atividade. Buscando uma síntese dos níveis de abstração e de abordagem de um e de outro teóricos, adotamos aqui a nomenclatura “atividade social humana” e pretendemos expor a gênese e especificidade da atividade educativa como mediação que opera entre a generidade e a individualidade. O estudo acompanha os progressos feitos por Dermeval Saviani, em sua Pedagogia histórico-crítica, aportando possíveis desdobramentos a partir do contributo dos pensadores aqui aludidos. Trata-se de um estudo de natureza teórica cujo objetivo principal é caracterizar a educação como atividade social mediadora que opera tanto no polo da generidade quanto no da individualidade humanas.