O presente trabalho apresenta um relato de experiência sobre a invisibilidade da produção escrita de mulheres negras na literatura brasileira, com enfoque na obra Quarto de Despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus, a partir dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa, a AD, pautados nos estudos de Pêcheux. Nesta pesquisa, buscou-se compreender o processo de assunção e/ou interdição da autoria na narrativa de Carolina. O estudo se voltou ainda para uma reflexão como se dá o jogo da política literária em certas Instituições de Ensino, apontando para questionamentos acerca do silenciamento, das diretrizes curriculares escolares que elegem, selecionam saberes e descartam outros, numa perspectiva discursiva. Em relação ao quadro teórico, deu-se destaque às contribuições dos estudos de Pêcheux, principal representante na França (1960), e no Brasil, Eni Orlandi (2007; 2012), Freda Indursky (2001) e Soraya Pacífico (2012). Para tanto, adotou-se uma metodologia de abordagem qualitativa, tendo em vista a análise de recortes discursivos do diário de Carolina, observando neles a tensão entre a paráfrase e a polissemia, a presença de marcas que apontem a interdição e/ou indícios de autoria. Sob o viés analítico e discursivo, os resultados desta pesquisa contribuíram para a realização de um trabalho mais instigante no campo da literatura e outras artes no contexto escolar, visando ao aprofundamento do estudo das leis 10.639/2003 e a 11.645/2008, que incluem o ensino de história, a cultura afro-brasileira e africana nas escolas de todo o Brasil. Além disso, o trabalho possibilitou aos estudantes e aos núcleos, que trabalham com questões étnico-raciais, um estudo mais reflexivo acerca da produção literária de mulheres negras, rompendo com o silêncio, com o histórico de exclusão que permeia, muitas vezes, as Instituições de Ensino. Palavras-chave: Autoria, Carolina Maria de Jesus, discurso, literatura, invisibilidade.