Este trabalho surge como uma proposta que valorize os sujeitos por meio de práticas educativas e decoloniais no bairro do Bengui (Belém/Pa), que promovam o engajamento com as culturas locais, e, ao mesmo tempo, questionem a hegemonia impregnada na validação dos saberes eurocentrados. Trata-se, portanto, de desconstruir padrões coloniais de educação e promover uma abordagem inclusiva e contextualizada, ainda que no ambiente não formal de ensino. Tais encaminhamentos reconhecem e respeitam o conhecimento tradicional das comunidades, para que estas sejam integradas ao processo de aprendizagem escolar e social de maneira relevante e propositiva. O processo de teorização será desenvolvido por meio de um diálogo entre Moita Lopes (2006; 2013), Walsh (2013), Rajagopalan (2003) e Bortoni-Ricardo, Machado & Castanheira (2010). Deste modo, os procedimentos técnicos do estudo têm abordagem documental e de campo, tendo como base para a produção dos dados alguns materiais didáticos utilizados com jovens em situação de vulnerabilidade, atendidos pelo Movimento República de Emaús. Assim, a pesquisa pode ampliar o trabalho com práticas educativas interdisciplinares, contextualizadas e, ao mesmo tempo, favorecer a reflexão sobre um trabalho pedagógico articulado aos gêneros discursivos e demandas sociais constituidoras de múltiplas intenções comunicativas. Além disso, por meio de estratégias interacionais com viés de participação mais dinâmica, colaborativa, as práticas educativas se revelam como decoloniais impulsionando a maior autonomia dos estudantes, estimulando o pensamento crítico e a resolução de problemas locais. Espera-se com este trabalho estabelecer um diálogo entre o dizer e o fazer na sala de aula, ampliando as perspectivas de atuação para os professores pesquisadores na educação básica, educadores do Movimento República de Emaús, licenciandos em Letras e futuros alfabetizadores.