As redes sociais, especialmente o Instagram, têm-se mostrado uma ferramenta poderosa para disseminação de informações e compartilhamento de experiências pessoais. Este estudo investiga como mulheres diagnosticadas tardiamente com Transtorno de Espectro Autista (TEA), utilizam essa plataforma para construir e compartilhar suas identidades e suas representações. Os objetivos são analisar como se dão os compartilhamentos de postagens de mulheres autistas no Instagram, e compreender a construção de suas representações e identidades a partir dos relatos pessoais e comentários de seguidores. Para isso, foram selecionados dois perfis: um de uma mulher branca, nordestina, diagnosticada com TEA em 2021, e outro de uma mulher negra, paulista, diagnosticada em 2020. Ambos são de mães de crianças com TEA, o que acrescenta uma camada adicional de complexidade às suas narrativas. A metodologia utilizada inclui a análise qualitativa das postagens e comentários dos perfis, considerando aspectos como a frequência de postagens, o engajamento dos seguidores e o conteúdo compartilhado nos stories e destaques. A análise busca identificar as pedagogias culturais presentes nas postagens e como estas influenciam na construção das identidades das mulheres e de seus seguidores. Os resultados preliminares indicam que as postagens nos perfis analisados não apenas compartilham experiências pessoais, mas também oferecem suporte e informações para outras mulheres na mesma situação. Observa-se a presença de uma pedagogia implícita, onde as experiências compartilhadas “educam” os seguidores sobre as nuances do diagnóstico tardio de TEA em mulheres. Além disso, os comentários dos seguidores revelam uma comunidade de apoio e troca de informações que fortalece e influencia as narrativas dessas mulheres. A relevância desta pesquisa reside na contribuição para a compreensão das representações e identidades de mulheres com TEA nas redes sociais, destacando que os espaços virtuais constroem representações a partir do consumo do conteúdo publicado.