O presente trabalho tem como objetivo explorar as trajetórias escolares das professoras travestis e transexuais Sara Wagner York, formada em Pedagogia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Sayonara Naider Bonfim Nogueira, formada em geografia pela Universidade Federal de Uberlândia, Flávia Silva Amorim formada em artes pela Universidade Federal de Uberlândia, e Natania Borges Costa formada em biologia pela Universidade Federal de Uberlândia, desde os primeiros anos de escola, ensino fundamental e médio, perpassando pela universidade até se tornarem docentes. Acredito que as análises das práticas educativas dessas professoras, baseada nos estudos cotidianistas, dos currículos dissidentes, da pedagogia da desobediência, das travestilidades e dos estudos de gênero, proporcionam reflexões valiosas sobre processos de resistência, sobrevivência, opressão, insubordinação, reinvenção e criação que elas produzem em resposta aos mecanismos normativos que buscam enquadrar, subjugar e inferiorizar seus corpos. Por meio de entrevistas videogravadas, entendidas aqui como diálogos, foram construídas narrativas que me permitiram problematizar a formação da imagem docente socialmente fabricada, bem como os modos pelos quais essas professoras desconstroem essa imagem padrão, questionando a expectativa tradicional de ser professora. Nesse sentido, a pesquisa se apresenta como uma possibilidade de desafiar as normas, inventando outras formas de existência, docência e currículos, que não se conformam aos moldes estabelecidos e propõem alternativas insubmissas, auto representadas, auto pensadas, indóceis e rebeldes, resistindo aos discursos cisheterocentrados.