O presente trabalho analisa a obra "Auto do Frade" de João Cabral de Melo Neto, destacando a interação entre literatura e história. De acordo com o que lemos, este livro é o que mais explicitamente aborda um episódio histórico, focando na figura de Frei Caneca, personagem central na Revolução Pernambucana de 1817 e na Confederação do Equador em 1824. Mesmo sendo uma das obras menos estudadas, como aponta o crítico Saraiva (2004), é rica em narrativas que capturam o percurso do Frei desde sua saída da prisão até a execução na forca. Ainda mais, o autor retrata Caneca como um revolucionário que, influenciado pelos ideais da independência americana e da Revolução Francesa, opôs-se aos regimes arbitrários da época. Além disso, como podemos ver, a narrativa do livro é composta por várias vozes, contudo, este estudo foca na representação e percepção de a "gente das ruas" em relação ao frade, ao clero e aos oficiais. Nossa análise evidencia como a população observa e comenta o tratamento desumano e a postura de Frei Caneca diante de sua condenação. João Cabral não idealiza o religioso como um herói nacional, mas sim como um ser humano condenado a uma morte iminente, que caminha para seu fim com dignidade e resistência. A esse respeito, fundamentamo-nos na obra "Dialética da Colonização" (1992), de Alfredo Bosi, na qual o autor destaca como João Cabral explora as contradições sociais e históricas do Brasil ao tratar sobre a figura de Frei Caneca, símbolo da resistência contra a opressão colonial e imperial sobre as classes populares, contra as elites dominantes. Ademais, o estudo da obra de João pode ser um recurso valioso para a educação, oferecendo ferramentas para uma análise profunda e crítica da sociedade brasileira, o que nos auxilia no incentivo da formação de cidadãos mais informados e ativos.