Este trabalho tem como objetivo apresentar uma discussão sobre as potencialidades da leitura de escritoras negras no Ensino Médio, a partir de projetos pedagógicos que dialogam com as perspectivas dos Letramentos Críticos e dos Estudos Críticos do Discurso. Por meio de abordagens teórico-metodológicas, com base nas perspectivas críticas e decoloniais feministas (LUGONES, 2008; 2014; CURIEL, 2020; SEGATO, 2016; 2017), nos Estudos Críticos do Discurso (FAIRCLOUGH, 2003; LAZAR, 2007; VIEIRA; RESENDE, 2011) e nos estudos sobre Letramentos Críticos (ROJO, 2009; CARBONIERI, 2016), este artigo traça um diálogo entre a experiência de realização de Clube de Leitura, como projeto de ensino, com estudantes do Ensino Médio Integrado, em um campus do Instituto Federal, e uma pesquisa de Doutorado que teve como objetivo investigar representações discursivas de gênero social e interseccionalidades, a partir de uma experiência pedagógica realizada em uma escola participante do Programa Mulheres Inspiradoras, no Distrito Federal. Desse modo, este trabalho aponta como projetos pedagógicos de letramentos críticos, aliados à perspectiva discursiva crítica de gênero social, raça, classe, e outras intersecções, podem contribuir para a construção de um espaço propício à educação antirracista e antissexista na escola. A leitura de literatura de mulheres negras denota possíveis contribuições para a promoção de práticas de resistência frente a discursos hegemonizantes, normativos e coloniais sobre gênero social, com potencial de de-legitimação de ideologias racistas e machistas; para a ampliação de processos de conscientização sobre gênero, raça e outras interseccionalidades; e para o reconhecimento de outras formas possíveis de ser, agir e viver, desafiando a colonialidade de gênero.