Nos últimos anos, com a criação de instituições federais de Educação Profissional e Tecnológica (EPT), ocorreu uma significativa expansão na oferta de cursos técnicos no Brasil. O número de unidades de instituições federais que tratam desta modalidade de educação avançou de 140 no ano de 2002, para as atuais 679 unidades e foram anunciadas a implantação de mais 100 unidades. Essa expansão tem obrigado a contratação de docentes para atuação em cursos técnicos de formação para o trabalho, porém, Faria e Recena (2020), ao analisar os Projetos Pedagógicos de Cursos (PPCs) de licenciatura em Química nos Institutos Federais (IFs), apontam que a maioria destes cursos não estão preparando adequadamente os docentes para atuação nessa modalidade de educação. Dando continuidades na análise, Prado e Faria (2022) verificaram que nos demais cursos de licenciatura em ciência da natureza, nos IFs, isso também ocorria. Neste trabalho é mostrado o prosseguimento desta investigação, procurando identificar se isso também ocorreria em cursos de licenciatura em química, matemática, física e biologia nas universidades estaduais e federais. A análise dos PPCs foi feita verificando se aparece ou não abordagem dada à EPT nos objetivos dos projetos, se na atuação do estágio supervisionado havia indicação de atuação na EPT, se o perfil do egresso do curso consta a preparação para a atuação na EPT, se havia previsão de bibliografia voltada para a EPT e se o curso oferecia disciplina para tratar da EPT. Os resultados encontrados reforçam as conclusões de Faria e Recena (2020) e de Prado e Faria (2022), e mostram que universidades públicas em nosso país, nos cursos de licenciatura analisados, não possuem adequada abordagem à EPT e não estão preparando suficientemente os futuros professores para atuarem na formação para o mundo do trabalho.