É através do "corpo próprio" que relacionamos com o mundo e pelas nossas experiências buscamos compreendê-lo. No entanto, objetificar o corpo pela anatomia e fisiologia das ciências, bem como, os padrões estéticos para o mercado é fragmentá-lo e reduzir sua complexidade. Isso não apenas nega a individualidade e a subjetividade pessoal, mas também perpetua as estruturas de poder e opressão, ao reforçar normas sociais e hierarquias baseadas em características físicas. O artigo tem como objetivo discutir a educação sobre "corpo próprio" e a reprodução de um modelo de corpo objetificado nos cursos superiores de Educação Física, bem como, seu papel na perpetuação das estruturas de opressão, a partir da perspectiva de Maurice Merleau-Ponty, adentrando as teorias de Enrique Dussel sobre a dualidade corpo-alma. A pesquisa faz parte de tese de doutorado em andamento na Educação, possui abordagem qualitativa, reflexiva e filosófica, com aportes teóricos dos dois filósofos, em especial. Por resultados a priori, sabemos que a ontologia possui raízes na Antiguidade grega, na Paidéia e se estendem pelo contemporâneo. No entanto, carecem reformulações, pois a alma não pode ser entendida de forma isolada do corpo, pois é através do corpo que experienciamos o mundo e nos relacionamos com os outros. Da mesma forma, o corpo não é apenas um receptáculo para a alma, é inseparável dela, uma vez que é através das experiências corporais que a alma se manifesta e desenvolve. Assim, faz-se necessário uma abordagem mais integrada da pessoa humana, que reconheça a importância do aspecto físico e espiritual, levando em consideração as dimensões corporais, sociais, políticas e históricas da existência humana, enfatizando a necessidade de reconhecer e valorizar a "corporeidade humana" como parte essencial da experiência humana, e de promover uma transformação social que leve em consideração as necessidades e aspirações do “corpo próprio” como um todo.