A partir das contribuições de Theodor Adorno, sobretudo em seus textos sobre educação, buscamos compreender as posições dos professores sobre a violência escolar entre pares, em especial o bullying. Procuramos identificar as justificativas dadas para a ocorrência deste fenômeno em sala de aula bem como as possíveis implicações dessas concepções para as práticas de prevenção. A partir de entrevistas realizadas com seis professores do 6º. ano em duas escolas públicas estaduais da Grande São Paulo, constatamos que, embora o bullying tenha se tornado um vocabulário conhecido e utilizado pelos professores e professoras, a forma como ele é adotado nem sempre corresponde à definição cunhada por Olweus (1993), o que indica a necessidade de que o conceito, bem como suas causas e formas de enfrentamento podem ser abordados de modo mais sistemático como parte dos momentos de formação de professores. Quanto às explicações para sua ocorrência bem como as medidas que julgam necessárias para seu combate, a concepção parece decorrer de crenças morais e de justiça individuais, por vezes, pouco ou nada associadas à sua profissão de ensinar. Além disso, as entrevistas apontam para uma diferenciação na percepção dos professores de acordo com a disciplina que lecionam, sugerindo que as exigências e expectativas específicas de cada área podem influenciar a forma como os comportamentos dos estudantes são interpretados.