O principal objetivo desta ação foi fazer com que os estudantes adquirissem uma visão crítica quanto ao excessivo culto à felicidade presente na sociedade contemporânea. Para tanto, a relação entre filosofia e literatura mostrou-se útil, na medida em que o conto selecionado, Aqueles que abandonam Omelas, da escritora Ursula Le Guin, evidencia bem a questão da felicidade utópica e a problematiza de uma maneira acessível aos alunos, abrindo caminho para uma investigação filosófica sobre o tema da tirania da felicidade. O conto destaca que há, pelo menos para aqueles que abandonam Omelas, algo mais importante do que a felicidade. A partir desta reflexão, os estudantes apontaram para elementos que poderiam ser mais importantes: a moralidade, a solidariedade e os direitos humanos. Eles defenderam, em sua maioria, que a felicidade não vale a qualquer custo, e também ponderaram que o que é felicidade para uma pessoa pode não ser felicidade para outra. Para subsidiar tais discussões, também utilizamos a obra Happycracia: fabricando cidadãos felizes, de Edgar Cabanas e Eva Illouz, que traz uma crítica à positividade tóxica e ao culto excessivo à felicidade. Tendo finalizado a ação foi possível constatar que os alunos desenvolveram um olhar crítico quanto à questão da excessiva cobrança contemporânea por felicidade, sendo capazes de questionar até que ponto a busca por felicidade é saudável. O fato de conseguirem exemplificar tais problemas recorrendo a situações do cotidiano deles, foi um indicador da compreensão deles do tema.