Descrever os sentidos atribuídos por alunos neurodivergentes às atividades escolares típicas de uma instituição de ensino, inclusive aquelas insertas em modelo de currículo oculto, cuja cultura assenta-se em valores, usos e costumes afeitos à disciplina e ao culto aos aspectos militares dos integrantes das Forças Armadas: essa a finalidade máxima do ensaio cuja elaboração visa a avaliar se há consequências da rotina escolar experienciada por pessoas neurodivergentes em ambiente escolar. Teorias acerca da neurodivergência apontam a relevância do conjunto de regras bem-definidas para se alcançar sucesso nas aprendizagens cognitivas e socioafetivas das pessoas com distúrbios ou com deficiência sensorial, sobremaneira as pessoas com autismo em fase escolar. Na experiência educativa delineada, os autores contemplam o retrato do acolhimento das pessoas com deficiência no ambiente escolar. Esse desenho manifesta a incompletude dos pesquisadores e do contexto escolar. Revela-se, por conseguinte, o olhar exotópico fundado na perspectiva teórica desenvolvida por Bakhtin (2006). Por evidente, descreve-se o fitar a um só tempo caracterizado pela divergência e pela convergência. Tais convergências e divergências não constituem coincidências inexplicáveis. Os olhares emergem nas entranhas das telas dos retratistas alicerçados nas suas memórias afetivas, histórias, conhecimentos, saberes e experiências. Com o enfoque narrado procedeu-se a uma pesquisa sobre os relatos dos estudantes de uma escola de natureza militar situada no município de Juiz de Fora-MG. A amostra engloba 20 alunos Yselecionados com fulcro no perfil dos neurodivergentes. Os achados da investigação indicam tendência a se atribuir relevância e satisfação pessoal com a rotina escolar em escola militar. Desse modo, reputa-se, embora, em caráter preliminar, a importância da organização escolar nas aprendizagens dos estudantes neurodivergentes.