O olhar sobre a educação requer cuidado e atenção a seus componentes curriculares e na formação dos professores. No entanto, ambos estão arraigados a uma estrutura globalizante na qual os currículos escolares se prendem a modelos e padrões de pensamento colonalizantes. Para problematizar essa questão o presente trabalho tem como objetivo trazer à tona o debate sobre a construção dos espaços geográficos e identidades a partir da interferência colonial e de que forma as interpretações pós-colonialistas permitem outras perspectivas de análises para realidades até então pouco exploradas. O objeto de estudo é a Escola Cabana organizada em Belém do Pará durante 1997 e 2004. Esta experiência trouxe para o debate e a ação prática um novo modo de pensar a educação, a partir da participação popular. Neste período, o governo local propôs olhar atento para a região amazônica direcionando a cultura local para a escola em detrimento de uma política globalizante e hegemônica na educação. No Projeto Político Pedagógico da Escola Cabana estavam articulados três eixos de confluência: discurso social, educação e desenvolvimento cultural da população local. A Cabanagem, ocorrida no século XIX, foi, durante anos, interpretada como exemplo de desordem, causando instabilidade ao sistema. Mas o movimento deixou forte marca na cultura local como exemplo de luta popular por cidadania na qual o expoente central foi uma população excluída dos centros de decisões. O projeto Escola cabana apresentava a sociedade paraense recapitular a experiência cabana conferindo outra ressignificação à função social da educação.