Resumo: Este trabalho tem como objetivo identificar os elementos históricos presentes em “Uma História de Amor e Fúria” (2013), de Luís Bolognesi, que se revolvem à subjetividade indígena Tupinambá geral, considerando os apontamentos de Florestan Fernandes em A Função Social da Guerra na Sociedade Tupinambá (2006) quanto aos costumes e ritos suprimidos pelo avanço colonial e seus desdobramentos sócio-históricos, os relacionando a antropofagia representada de modo que desfalcasse destes rituais religiosos a conjuntura de seu significado. A Metodologia utilizada será a Teoria Semiótica Greimasiana Francesa segundo Barros (2005), procurando analisar os signos e símbolos que atrelam significado à narrativa, como dita Fiorin (2005). A fundamentação teórica utilizou-se da representação segundo Hall (2013) e da cultura segundo Eagleton (2011); dos conceitos consoantes à subjetividade indígena Tupinambá por Agnolin (2002); do que concerne à mentalidade do colonizador segundo Todorov (1993); do ponto de vista pós-industrial descrito por Santos (2001) concordante à consciência universal. Como resultado, afirma-se que a obra é carregada de uma cosmologia indígena Tupinambá corrompida pelo processo de descaracterização de valor cultural perpetrado pelos colonizadores na América do Sul enquanto, para representar figurativamente o complexo desencadear de acontecimentos que levaram à violentas guerras culturais, o texto da obra procura simplificá-los. De modo que, em conclusão, inflija-se sobre o telespectador a compreensão parcial e alienada dos acontecimentos, almejada pelo modelo social imperialista, o que reforça a existência da viabilização do apagamento histórico na contemporaneidade.