No que diz respeito à educação linguística, o livro didático sempre foi um aliado no processo de ensino-aprendizagem, mas, nem sempre um aliado para a emancipação, pois, por muito tempo, esta tecnologia educacional priorizou as identidades consideradas hegemônicas, a saber o homem, branco e heterossexual, excluindo ou relegando a funções subalternizadas as mulheres, os negros, os índios e as identidades LGBTQIAPN+. Entretanto, os processos de globalização, sobretudo quando mediados pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TDIC), desestabilizaram o que se considerava o “centro”, as identidades fixas, e a(s) “margem(ns)”, as identidades desviantes. Nesse estudo, propomos uma análise a fim de conferir se há pré-determinação no papel social que posiciona a mulher em categorias excludentes no livro didático de Língua Inglesa Time Up, da editora Macmillan Education. Como fundamentação teórica, nos embasamos no conceito de dialogismo (BAKHTIN, 2011; 2015), que considera os aspectos extralinguísticos essenciais para a formação dos discursos. Assim, utilizamo-nos de Louro (1997) e Auad (2003) para embasar as discussões ideológicas sobre gênero e cor presente neste material didático, identificando como essas identidades/subjetividades são representadas no suporte para o ensino de Língua Inglesa na Educação Básica e, ainda, se essas representações permitem ressignificações. Como resultado parcial do estudo, percebemos que haveria um maior respaldo se assuntos como, gênero e cor, fossem discutidos de forma ampla e contextualizada, a fim de levantar questões que envolvam debates sociais, tirando o foco da mera interpretação textual que se faz muito presente no livro. Os resultados encontrados podem servir como insights para que professores de línguas potencializem a utilização crítica dos livros didáticos, além de oferecer dados para que as editoras e os consultores do PNLD façam escolhas mais condizentes com a proposta de ensino de línguas orientada pela BNCC.