Esse artigo originou-se de análises feitas no decorrer da disciplina “Infância, Cultura e Educação”, durante o 6o semestre do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Pará - UFPA. O objetivo deste estudo é analisar de forma abrangente as consequências do abandono e a vulnerabilidade social de crianças no século XIX, focando especialmente nos aspectos psicológicos e nas relações entre a infância abandonada e o crime. Pretende-se compreender os motivos que levaram ao abandono infantil, as condições de vida dessas crianças e os impactos negativos causados em seu desenvolvimento. A contextualização histórica se faz necessária para compreendermos o panorama no qual as crianças abandonadas estavam inseridas no século XIX. As mazelas sociais como a pobreza, a falta de assistência social e a ausência de políticas públicas agravaram o problema do abandono infantil. Belém experimentou um crescimento significativo devido ao comércio e à exportação de produtos regionais, como o látex, porém, esse desenvolvimento econômico não foi acompanhado por uma distribuição equitativa de recursos, resultando em desigualdades socioeconômicas que afetaram diretamente as condições de vida das famílias mais pobres. A urbanização acelerada trouxe consigo condições precárias de moradia, falta de saneamento básico e acesso limitado a serviços sociais, culminando em um cenário de crianças ainda mais vulneráveis. O abandono de crianças nas ruas de Belém do Pará resultou em um aumento alarmante de atividades criminosas e até mesmo de prostituição, tendo em vista que essas crianças viam nessas práticas ilegais uma forma de ajudar suas famílias. Em suma, o estudo desse período histórico oferece importantes insights para abordar desafios contemporâneos relacionados à infância e à proteção social, destacando a necessidade de políticas e ações integradas que considerem as complexas dinâmicas socioeconômicas e urbanas.