A literatura brasileira aponta que o ensino de Botânica no país tem sido tratado de forma verticalizada e desarticulada dos saberes locais, tornando-o desinteressante. As Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), enquanto vegetais nativos, de consumo próprio de um contexto cultural local, apresentam-se como potencial para o ensino da área em uma proposta dialógica. Assim, este trabalho teve por objetivo apresentar uma abordagem das Plantas Alimentícias Não Convencionais numa perspectiva freiriana para o ensino de Botânica. Nesse sentido, foram planejadas e realizadas, em parceria com a Universidade Federal da Bahia, a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e a rede PANC-Bahia, oficinas de produção de hortas de PANC com estudantes do ensino médio da rede pública de ensino de Salvador, Bahia, Brasil. A proposta didática foi organizada em 3 etapas: a) aulas expositivas dialógicas; b) produção de hortas; c) contextualização de conhecimentos científicos. Nas aulas expositivas dialógicas, foram levantados os saberes prévios dos estudantes sobre as PANC, com vistas à compreensão conceitual do termo e a importância na alimentação. Na etapa de produção de hortas, foram cultivadas as PANC apontadas pelos estudantes como de uso em suas vivências. Na terceira e última etapa, dialogamos sobre as PANC e saberes científicos da Botânica, numa abordagem que considera o contexto social dos estudantes. Diante da participação expressiva dos discentes, pôde-se constatar o potencial do tema para dialogar com os conceitos da Botânica. Na perspectiva dialógica freiriana, a aprendizagem torna-se mais profícua quando os estudantes atuam como protagonistas na construção do conhecimento. Por fim, salientamos que propostas dessa natureza sejam encorajadas e divulgadas no meio científico em bancos de informações acessíveis e também que haja uma mobilização de formação docente que forneça condições didáticas para que os professores brasileiros se utilizem de estratégias desta natureza de forma mais frequente.