Em um mundo cada vez mais urbanizado, no qual, segundo dados da ONU – Organização das Nações Unidas – mais da metade da população do planeta vive em áreas urbanas, o que equivale a 4,4 bilhões de pessoas morando em cidades (56,2% da população mundial), é preciso reconhecer e interpretar os fenômenos e atores que desenvolvem papeis centrais nessas dinâmicas e que desvelam as novas visões a respeito do que é campo e do que é cidade. Na contemporaneidade, com o advento de fenômenos como globalização/regionalização/desterritorialização e a virtualização dos espaços, as mudanças e intersecções entre cenários diversos é constante, não sendo mais cabíveis o estabelecimento de nomenclaturas e interpretações vagas e enrijecidas das realidades postas. Faz-se necessário, portanto, indagarmos como a Ciência geográfica no contexto da sala de aula, do ensino de Geografia, aborda tais questionamentos. Quais as representações da cidade e do campo que estão presentes nos livros didáticos? Como estão sendo trabalhados conceitos chave como o de cidade e urbano na educação geográfica? O presente artigo tem, portanto, a incumbência de buscar responder tais inquietações, analisar as representações imagéticas dos conceitos supramencionados presentes nos livros didáticos e pensar caminhos para uma efetiva transposição didática com objetivo de superar a visão limitante ligada unicamente a forma e aparência que geralmente é empregada nas páginas de livros didáticos. Como resultados principais, constata-se a necessidade de os livros didáticos abordarem com maior afinco as relações estabelecidas no ambiente urbano, que dão vida aos espaços, começando a partir da realidade do aluno, dando sentido ao seu aprendizado e não se limitando a oferecer somente paisagens distantes, constituídas somente da exibição de avançados processos de verticalização. Outrossim, o livro, como instrumento de ensino-aprendizagem, deve evidenciar as transformações e crescentes relações campo-cidade que podem afetar as interpretações desses conceitos na atualidade.