Embora as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, nos seus propósitos, abordem aspectos revolucionários no campo da educação, elas ainda representam metaforicamente um abrir de portas. Marcam o começo de um processo de descolonialidade do saber, um novo horizonte histórico para o Sistema Educacional Brasileiro. Este artigo apresenta um levantamento teórico-conceitual dos principais desafios e implicações político-pedagógicas da educação das relações étnico-raciais para a experiência educativa no Brasil. O autor procura demonstrar que, por compreender que a legislação por si só não altera a realidade, para a superação da colonialidade do saber balizante da nossa educação escolar, haverá que fazer um “esforço de descolonização profunda” na/da educação. Um dos expoentes do padrão de colonialidade do saber é o trato pedagógico das relações étnico-raciais por meio da adoção de projetos educativos, com início, meio e fim determinados e encerrados no calendário escolar. A análise feita neste trabalho está alinhada à teoria racial crítica que explica o racismo transferido para as estruturas sociais que reflete, assim, nas instituições e leis. Fundamenta-se também nos estudos decoloniais que, por sua vez, reconhecem práticas e experiências que não necessitam de serem observadas na perspectiva colonizadora. A metodologia adotada consiste em uma pesquisa qualitativa com abordagem empírica, com ênfase na experiência em sala de aula (Educação Básica) e em espaços de formação continuada de professores, no ano de 2023. A partir do que é recomendado nas Leis supracitadas, este escrito pretende contribuir para a maior compreensão dos desafios que a educação das relações étnico-raciais aponta às instituições de ensino, por meio dos/das docentes. São estes/estas que diretamente, por estarem no chão da escola, tocam e mexem no imaginário social racializado constituído no processo colonial. Por fim, os resultados obtidos apontam para a emergência de experiências educativas que sirvam de substratos à subversividade da educação das relações étnico-raciais.