O escritor José Condé publicou, em 1966, Pensão Riso da Noite: Rua das Mágoas (Cerveja, Sanfona e Amor), um livro de contos que ainda mais solidificou a maturidade literária do autor do clássico romance Terra de Caruaru, saído seis anos antes. Nesta coletânea de histórias curtas, será destacada a narrativa de abertura, “Aventuras e desventuras do caixeiro-viajante Ezequias Wanderlei Lins, seu Quequé para os íntimos”. Trata-se da história de um sedutor caixeiro-viajante, de reconhecido poder de persuasão pela fala, que conseguia vender sua mercadoria com a facilidade com que conquistava mulheres, tendo montado casa para três, em três cidades de três Estados diferentes: Caruaru-PE, Penedo-AL e Estância-SE. O objetivo deste artigo é refletir sobre o discurso de seu Quequé, na consecução dos seus intentos; do narrador, na condução da narrativa; do autor, na opção léxica e estrutural do conto. Para isso, nos utilizaremos principalmente das reflexões de Michel Foucault (2008) a respeito da relação entre discurso e poder, bem como nos aproximaremos de alguns teóricos que trabalham com a questão de gênero, uma vez que o discurso analisado o será em função da relação estabelecida entre um homem e suas três mulheres.