A inserção e o fortalecimento da perspectiva de gênero nas agendas políticas, bem como na formação de uma cultura de equidade contextualizada, possuem uma demanda crescente por ações conjuntas e não adstritas às barreiras nacionais, principalmente na América Latina. A partir desse entendimento, o trabalho em tela propõe a reflexão das estratégias transnacionais das redes feministas latino-americanas para a consolidação desse processo no Brasil, baseada na análise da atuação do Comitê Latino-Americano para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM). Considerando a aceitação que as sociedades civis adquirem entre governos e organizações internacionais como centrais para a democratização e para o desenvolvimento social, acredita-se que as redes feministas, articulando entidades nacionais, ONGs, organizações e mulheres, surgidas pela necessidade de atuar politicamente de forma coordenada a nível transnacional, concorrem para a implementação de uma agenda comum e fortalecem cada organização e instituição, possibilitando intercâmbios e ações conjuntas na América Latina que repercutem em cada um dos países da região. Utilizando informações coletadas através de pesquisa documental, pesquisa de dados textuais e referenciais disponíveis na Internet, além da pesquisa bibliográfica em literatura relativa ao assunto, procura-se reunir elementos aptos a demonstrar a dimensão dos aportes do CLADEM não apenas para a defesa estritamente jurídica dos direitos das mulheres e para a elaboração de políticas públicas, mas também na eliminação de relações hierarquizadas de gênero e seu reflexo na criação de uma cultura mais equitativa. Justifica-se este trabalho, ainda, face à premência de incluir a América Latina nos estudos brasileiros. A despeito das ações que vêm sinalizando, nas últimas décadas, uma abertura cada vez maior ao processo de cooperação regional, nomeadamente entre os movimentos sociais, percebe-se que ainda há uma carência de trabalhos acadêmicos que articulem o Brasil com os demais países latinos. Através das aproximações viabilizadas especialmente no âmbito político, tanto a comunidade científica quanto as militâncias brasileiras são chamadas a rever o significado de sua identidade no continente, evidenciando a importância de uma maior conexão com a América Latina em busca de soluções para os problemas comuns, dentre os quais a disparidade de gênero impõe-se como da maior relevância, dada a sua intersecção com os demais aspectos da sociabilidade.