Estamos constantemente expostos a diversos tipos de violência, entre elas o abuso sexual destaca-se por suas repercussões do desenvolvimento físico, emocional e psicológico de suas vítimas. Williams (2003) discorre sobre as possíveis consequências como o isolamento, queixas somáticas, problemas escolares, ideação e tentativas suicidas, problemas em relacionamentos sexuais futuros, na vida familiar, etc. Considerando tais consequências é possível perceber a importância da prevenção do abuso sexual na população geral e nas populações de risco onde se encontra a população com deficiência, em especial com deficiência intelectual (DI) (SULLIVAN; KNUTSON, 2000; BARROS; WILLIAMS; BRINO, 2008). Alguns fatores que aumentam a vulnerabilidade da pessoa com DI ao abuso sexual são descritos por Strickler (2001), como, por exemplo, a maior dependência para cuidados em longo prazo, o isolamento social que aumenta o risco da vítima de ser manipulada pelo agressor e menor conhecimento da vítima do que é adequado e inadequado em termos de sexualidade. Quando se trata da sexualidade de pessoas com DI desenvolvem-se várias crenças errôneas, como a de que estas não possuem sexualidade ou que sua sexualidade seria exacerbada, e também de que falar sobre o tema poderia estimular a prática sexual podendo resultar, entre outras consequências negativas, na gravidez indesejada algo temeroso para muitas famílias (MAIA E RIBEIRO, 2010). Tais crenças influem na forma como a sociedade e em especial, a família, lidam com o ensino de práticas sexuais adequadas, inadequadas e habilidades de proteção - e podem excluir tal população de receber conhecimento sobre sexo e sexualidade, acarretando possíveis riscos a pessoa com DI ao aumentar sua vulnerabilidade. Considerando as consequências negativas do abuso sexual em suas vítimas e a maior vulnerabilidade das pessoas com DI, torna-se pertinente investigar as habilidades de autoproteção de tal população frente ao abuso sexual. Para isso o presente trabalho, recorte do projeto de mestrado em andamento da primeira autora com orientação da segunda, aplicou a tradução do questionário “What If” Situation Test (WIST), de Wurtele (1998), em oito pessoas com DI, visando acessar as suas habilidades de autoproteção de reconhecer, resistir, e reportar toques inapropriados. E concluiu que apesar de resultados animadores no que concerne a identificação das situações de toque apropriadas e inapropriadas no instrumento, a baixa pontuação obtidas nas outras questões que envolvem as habilidades de autoproteção de dizer não, sair da situação e contar o ocorrido de maneira adequada reforça a vulnerabilidade de tal população ao abuso sexual. Sendo necessárias pesquisas com os familiares, principais fontes de informação no que concerne a sexualidade, para entender como este tema é tratado e se é tratado de maneira a entender de que modo se constroem e ensinam as habilidades de autoproteção dentro da família e como podemos reforça-las e amplia-las visando a proteção dessa população.