Publicado em 1818 pela primeira vez, causando grande comoção entre os intelectuais da época, o romance Frankenstein da escritora inglesa Mary Shelley, tem sido constantemente objeto de diversas análises devido ao seu conteúdo inovador e polêmico sobre os perigos da ciência, como também por representar uma virada no estilo gótico de romances escrito por mulheres ao deixar de lado, em seu enredo, temas ligados a maldições de família, fantasmas do passado que aparecem no presente para assombrar e punir, como havia se especializado a tradição gótica, passando a focalizar nos dramas psicológicos de seus personagens e condição enquanto seres que constituem uma sociedade. A Criatura de Victor Frankenstein é trazida ao mundo através de suas mãos e em um ato de repulsa e egoísmo a abandona à sua própria sorte, ele enquanto homem, não compreende a responsabilidade de ser progenitor, que é o grande caso das mulheres e invadir esse espaço é invadir não somente o universo da mulher, mas ela mesma em essência. Assim, este trabalho tem por objetivo analisar a história de Victor Frankenstein e a concepção de sua Criatura, sob o olhar da crítica feminista, mostrando como a ousadia e atitude de Victor é uma crítica ao universo masculino subvertendo os valores naturais ao colocar a geração de um ser (a Criatura), nas ‘mãos’ de um homem (Victor Frankenstein), desse modo, expondo e apresentando à sociedade patriarcal, da qual o romance é produto, a violação, pelo homem, de um território reservado ao feminino genuinamente: a maternidade.