ARAÚJO, Eliza De Souza Silva. . Anais XI CONAGES... Campina Grande: Realize Editora, 2015. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/10500>. Acesso em: 19/11/2024 03:11
Em seu discurso “Sejamos todos feministas”, Chimamanda Adichie nos conta que seu livro Hibisco Roxo foi taxado de feminista, nos lembra que as culturas frequentemente ignoram as questões de gênero, e se posiciona como sendo “feminista feliz e africana que não odeia os homens e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma e não para os homens”. Há uma dificuldade inerente em ser compreendida como feminista na nossa sociedade e cultura. Feminista (palavra que Adichie sugere que reivindiquemos) e feminismo são palavras mal interpretadas, carregadas no senso comum de um peso negativo e até destrutivo. Similarmente a palavra tia é diminuída em nossa cultura. Ficar “para tia” significa, em alguma instância, ser infeliz e incompleta. Tia é usada, em nossa cultura, como forma de reduzir o profissionalismo dentro da relação professor-aluno como observou Paulo Freire. Este trabalho pretende discutir a importância de uma personagem tia e feminista no romance Hibisco Roxo. Ifeoma com suas idéias e atitudes confronta a submissão de Mama (a mãe) e divide águas no amadurecimento de sua sobrinha Kambili, narradora e protagonista do romance, e vítima de um ambiente familiar repressor, cristão e violento. Ifeoma e sua personalidade compelem Kambili a se tornar uma mulher que busca o seu lugar, já que assim como bell hooks em “Theory as liberatory practice”, Kambili vive sua infância sem um senso de lar, por não encontrar nesse lar um lugar onde sua voz é ouvida.