Professoras e professores, em diferentes lugares e tempos históricos, foram e são reconhecidos como profissionais com muita relevância à sociedade. Apesar disso, tal relevância não repercute em condições de trabalho e, sobretudo, melhor remuneração, compatíveis com a importância apregoada pelos vários discursos. O próprio discurso que enaltece pode, em diversas circunstâncias e por variados fatores, tornar-se negativo. Tais alterações podem ser percebidas, especialmente pelo acompanhamento dos meios de comunicação e as distintas representações de profissional docente que eles colocam em circulação. Diante deste cenário e, a partir do conceito de Representações de Roger Chartier (2002) e da Sociologia Figuracional de Norbert Elias (1999), a presente proposta de trabalho busca compreender quais as representações sociais e sobre qual categoria profissional docente foram postas em circulação pela imprensa de Uberlândia/MG, ao longo da cobertura da greve docente de maio/junho de 1979. O movimento foi a primeira greve docente que contou com a adesão de profissionais em Uberlândia, embalado pelas diversas reivindicações que marcam o fim dos anos 1970, com o início do processo de abertura da ditadura civil/militar e também pelas mudanças sociais que impactavam a sociedade nacional e local. Em contraponto, foram também observadas as publicações dos periódicos em outubro de 1978, durante os eventos de celebração do “Dia do Professor”, que demonstram outras representações em disputa. Para analisar essas modificações, optamos por utilizar como documento a imprensa, a partir dos periódicos Correio de Uberlândia e O Triângulo, os dois principais meios de comunicação impressa em circulação no período. Os resultados mostram que ainda persistia a representação da docência como sacerdócio, especialmente numa figuração social conservadora, na qual o exercício da profissão era predominantemente feminino e visto como menos relevante, portanto, menos digno de reconhecimento e salários justos.