O texto analisa os elementos autobiográficos na escrita da professora e jornalista alagoana Maria Mariá, divulgados durante a década de 1950 no Jornal de Alagoas. Entre 57 publicações encontradas durante a pesquisa, foram percebidos elementos que vinculam a forma de pensamento da personagem estudada, as ideias predominantes no Manifesto dos Educadores, publicado em 1959. Além de repensar o planejamento disposto no Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932), este sugere maior atenção aos elementos possibilitadores da evolução do pensamento crítico, evidenciando o estudo como ponto central da evolução. A educadora reflete as ideias do tempo, ressaltando pontos de rebeldia ao denunciar o descaso com a educação pública e com a profissão docente, na cidade de União dos Palmares. Pela natureza da investigação documental, o método adotado é o micro analítico, disposto por Carlo Ginzburg (1989, 2006, 2007), em sua especificidade de análise aos pequenos fatos para mais ampla percepção da globalidade social. Embora o recorte temporal corresponda a um período de ensaio de democracia, percebe-se, em observação a trajetória, os diferentes tipos de violência simbólica vivenciados por quem atrevia-se a exercer a docência, fazendo-se concluir que a liberdade de pensamento e expressão não se fez presente entre marginais, e a habilidade escriturária foi um instrumento de resistência.