A presente pesquisa insere-se no campo da História da Educação, articulando os domínios da História dos Intelectuais e das Sensibilidades, a fim de analisar a trajetória de Dorina de Gouvêa Nowill e sua relação com a imprensa bralle no Brasil. Temos como objetivo identificar os aspectos que a credenciaram como uma intelectual pela inclusão, através do estudo e análise de suas vivências, ações e escrita. Compreendemos Nowill como uma intelectual criadora e mediadora cultural, de acordo com as concepções de Jean- François Sirinelli (1998; 2003). Para tanto, tomamos como base seus itinerários, aspectos geracionais e redes de sociabilidade. Em uma perspectiva sensível de compreensão da história, dialogamos com Sandra Pesavento (2019) e com o conceito de “Anormal” de Foucault (2001), entendendo Dorina Nowill a partir das categorias monstro, masturbadora e incorrigível. Discutimos também aspectos ligados a Fundação Dorina Nowill para Cegos (FDNC), instituição criada pela intelectual, a partir do exposto por Justino Magalhães (2004); e por fim, abordamos o tripé exposto por Michel de Certeau (1992) em “A escrita da História”, composto pelo lugar de fala, prática e escrita. O corpo documental desta pesquisa é composto por fotografias, cartas, bilhetes, atas, relatórios, estatutos e os livros escritos pela própria Nowill. Tais fontes são operacionalizadas a partir do método historiográfico da heurística e da hermenêutica e da análise do discurso, sob a ótica de Foucault (1996). O trabalho aqui desenvolvido nos levou a conhecer uma intelectual multifacetada que legitimou-se ao longo dos anos através de sua atuação, tornando-se símbolo de inclusão no Brasil e no mundo através da sua luta em favor da democratização da imprensa braille.