O artigo de natureza qualitativa discute as implicações de uma experiência colaborativa entre estudantes com e sem deficiência intelectual para a construção de estratégias de inclusão na escola comum. Participaram cerca de 60 estudantes matriculados no 2º, 3º, e 4º ano do ensino fundamental de uma rede municipal do estado do Ceará. Em cada uma destas salas havia um aluno com deficiência intelectual, os quais, assim como outros das turmas, encontravam-se em processo de alfabetização. Os alunos foram organizados em duplas de modo que, aqueles com níveis de escrita iniciais (pré-silábico, silábico, silábico-alfabético) fizessem dupla com aqueles mais proficientes na leitura e na escrita para a produção de um determinado gênero textual. A pesquisa durou cerca de cinco meses, três vezes por semana em cada sala. As duplas compostas pelos alunos com e sem deficiência realizaram 68 produções textuais, dentre elas, cartas, contos, convites, relatos etc. Os alunos com deficiência intelectual, assim como aqueles com nível de escrita inicial exerceram a função de escritores a partir das mediações dos colegas. Ao longo da pesquisa diferentes situações conflituosas emergiram, dentre elas a não aceitação do papel de escritor daqueles alunos por parte dos colegas, necessitando de diferentes intervenções com o objetivo de construir uma cultura de inclusão no interior das duplas. Averiguou-se no final da pesquisa que o trabalho colaborativo entre alunos com e sem deficiência intelectual oportunizou aos primeiros exercerem um papel social e proativo em sala; oportunizou aos demais estudantes a experiência de aprenderem juntos sobre diferenças, inclusão e respeito. Essa experiência também demonstrou a eficácia na utilização de mediações advindas pelos colegas de sala junto aos estudantes com deficiência intelectual, visto que, no final da pesquisa observou-se avanços conceituais nos níveis de escrita e de leitura destes alunos.