A criação de categorias políticas de sexo fundou uma diferenciação - ou oposição - entre homens e mulheres, permitindo que a cada uma fossem atribuídos privilégios e encargos intrínsecos ou naturais, desequilibrando, portanto, a harmonia das relações sociais de sexo. É nesse contexto que o homem se coloca em uma posição superior à mulher, mantendo-se nesta posição através da dominação masculina, do sexismo e da fronteira entre os gêneros, além da visão heterocentrada de mundo, base desse sistema de dominação. Por se tornar a base “natural” da sociedade, a lógica andro-heterocêntrica irradia seus discursos e violências em todos os âmbitos da sociedade, inclusive no lesbianismo, que, ao mesmo tempo em que desconstrói essa visão heterocentrada, se apropria do binarismo de gênero nas suas práticas sociais. Maneja-se a pesquisa bibliográfica e a técnica de documentação indireta, com abordagem dedutiva, para investigar como essa lógica produz seus efeitos nas relações sociais de sexo entre mulheres. Destarte, a mulher lésbica, apesar de sofrer os efeitos dessa lógica por ser mulher no espaço público, reproduz, nas relações íntimas, esse paradigma, a partir categorização da sua identidade nos modelos postos - homem e mulher, butch e femme. Assim, a construção da identidade lésbica reproduz o sistema falocêntrico, na medida em que categoriza e diferencia essas práticas dentro do esquema de dominação da sociedade.