Resumo
Este trabalho consiste em uma análise da produção de filmes pornográficos produzidos por mulheres, que têm o público feminino como seu alvo principal. Compreendendo o complexo tema da pornografia, que carrega uma série de estigmas, porém contemporaneamente vem sendo discutido nos debates feministas nas ciências sociais, bem como na mídia. Antropologicamente, discuto o que de diferente esses filmes trazem, ou seja, que impacto na indústria da pornografia a inserção das mulheres trouxe para o mercado de entretenimento adulto, a partir de uma problematização sobre gênero, sexualidade e corpo. Questionando se participação de mulheres na direção e na produção filmes pornô constitui uma transgressão, tendo em vista que os filmes pornográficos tradicionalmente sempre foram pensados para o consumo masculino. As mulheres, ao assumirem a posição de produtoras, nos levam pensar nas possibilidades de interpretação desses produtos. Faço a analise das disputas em torno das formas de se produzir no campo da pornografia (pornô feminista, pornô feminino, mainstream). Buscando compreender os discursos teóricos entre “pró” e “anti-pornografia”, que nos anos 1970 mobilizaram boa parte das discussões entre acadêmicas feministas, que estão hoje recolocados por diretoras de filmes pornográficos feministas. O estudo foi desenvolvido com base na metodologia qualitativa, com a coleta de materiais em sites construindo uma etnografia na internet (de notícias, revistas, blogs, páginas pessoais de diretoras) e principalmente da análise de trailer e filmes. Tais materiais me permitiram dialogar com teorias acerca de gênero, sexualidade, consumo e relações de poder a partir de um olhar antropológico sobre o tema.