O Encontro de Pesquisa Educacional em Pernambuco (Epepe) é um espaço de diálogo entre pesquisadores, docentes e estudantes no debate de grandes temas que mobilizam as pesquisas educacionais. Foi criado pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), por meio da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes), em 2006, e, ao longo dos anos, vem se tornando uma referência de espaço de diálogo e compartilhamento de pesquisas no campo da educação. 
Em sua VIII edição, completando 15 anos, o Epepe foi realizado no período de 23 a 25 de novembro de 2021, na modalidade remota em função da Pandemia de COVID-19, e contou com a parceria de programas de Pós-graduação da Fundaj, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), da Universidade de Pernambuco (UPE), do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), da Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire), da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), além da Rede de Educação do Semiárido Brasileiro (Resab) e da Cátedra Unicap de Direitos Humanos.
O VIII Epepe contou com quase 2 mil pessoas inscritas e com submissão de 520 trabalhos que foram avaliados por um comitê científico de 294 docentes. Os trabalhos foram inscritos em 21 eixos temáticos e dos 231 artigos completos aprovados, 41 foram indicados para compor quatro e-books. 
A organização do e-book foi realizada a partir de uma construção coletiva, mediante o trabalho do Comitê Científico quando da seleção dos textos com destaques na qualidade teórica, empírica e inovadora na abordagem de temáticas em que a discussão sobre políticas, programas e projetos na área educacional formou o eixo central. Os textos deste volume foram organizados em duas partes.
Na Parte I deste volume, agregamos pesquisas que abordam a questão do Estado, financiamento, políticas, planejamentos e programas educacionais.
O artigo “A política de planejamento educacional e a participação docente: uma análise do município de Olinda”, de Emanuelle Santana da Silva, Dalila Marina Oliveira Maia e Janete Maria Lins Azevedo, discute o planejamento educacional, em particular a questão da participação dos docentes, utilizando uma metodologia de caráter qualitativo. A análise dos dados, realizada por meio da técnica de análise de conteúdo, aponta para diferentes percepções por parte dos sujeitos, variando conforme a escola em que o sujeito atua. Para as autoras, tal diversidade de percepções, advinda da baixa participação dos sujeitos na construção do planejamento educacional, favorece práticas que se aproximam de uma gestão centralizada.
O artigo “O uso do ‘estado da arte’ e a linha de pesquisa em política educacional, planejamento e gestão da educação - PPGE/UFPE”, de Sarah Maria Romualdo de Menezes e Ana Lúcia Felix dos Santos, objetiva identificar como as pesquisas realizadas pela Linha de Pesquisa de Políticas Educacionais, do Programa de Pós-graduação em Educação da UFPE (mestrado e doutorado), trabalham com o estado da arte das produções acadêmicas e científicas. Para tanto, realizaram um mapeamento da produção nos últimos dez anos, identificando que somente cerca de 13% dessas produções utilizaram tais estudos. Outro dado encontrado foi que os estudos de estado da arte não seguiram os critérios tradicionais para esse tipo de trabalho, sendo encontrados todos os critérios em somente 30% dos trabalhos. As autoras concluem que o presente estudo contém uma informação importante para os pesquisadores desta Linha de Pesquisa, apontando que o distanciamento dessa estratégia de estudo pode fragilizar as produções acadêmicas.
O artigo intitulado “Sociologia no currículo da Paraíba e nas coleções didáticas do PNLD 2021”, de Waschington Alves Guedes, Maria Helena Costa Carvalho de A. Lima e Luciana Siqueira Walter, busca avaliar os impactos das alterações da nova forma de elaboração do material didático sobre o ensino de Sociologia a partir do mapeamento dos objetos do conhecimento da Proposta Curricular do Ensino Médio na Paraíba presentes nos livros aprovados no PNLD 2021 para a área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Os autores utilizam como metodologia um mapeamento das correspondências entre as coleções aprovadas para o Ensino de Ciências Humanas e os objetos do conhecimento prescritos para a disciplina na PCEM/PB. Concluem que os impactos da “desdisciplinarização” sobre o ensino de Sociologia forçaram os professores de Sociologia a buscarem alternativas em relação ao livro didático, mesmo reconhecendo ser este uma ferramenta muito importante para a aprendizagem.
O artigo intitulado “Estado, tributação, acumulação do capital e seu impacto no financiamento da educação no país”, de Paulo Rubem Santiago Ferreira, objetiva analisar a atuação das diversas frações do capital nas áreas tributária e fiscal, em busca da acumulação junto ao Estado. Utilizando o método histórico-dialético, o estudo visa verificar se os resultados dessa atuação comprometem a capacidade de investimento do Estado para o bem-estar da sociedade. O autor conclui que a acumulação do capital vem alcançando resultados expressivos, comprometendo intensamente a capacidade de financiamento do Estado para a garantia do bem-estar da maioria da população no país. Desta forma, o financiamento da Educação fica limitado, agregado ao baixo crescimento econômico, elevado desemprego, concentração da renda e da riqueza e aumento da desigualdade e da fome. 
Na Parte II deste volume, foram agrupadas temáticas mais centradas na Educação Básica, incluindo pesquisas com ênfase no Ensino Médio e na Educação Infantil.
O artigo “Educação estética nas práticas pedagógicas do Ensino Médio integrado”, de autoria de Ana Cláudia Tabosa Mendes de Oliveira e Edilene Rocha Guimarães, se propõe a identificar as concepções e práticas pedagógicas desenvolvidas pelos docentes que favorecem a educação estética no Ensino Médio Integrado. O estudo parte de uma pesquisa documental e, na parte empírica, utiliza o questionário como ferramenta de pesquisa junto aos docentes do Curso Técnico de Nível Médio em Edificações Integrado do IFPE – Campus Caruaru. O texto traz como resultados a percepção de que as concepções dos professores sobre educação estética ainda são incipientes e pouco interagem com conteúdos relacionados à Arte, à Estética e à Cultura, e que precisam ser aprimoradas para que mais práticas pedagógicas interdisciplinares sejam desenvolvidas com as linguagens da Arte, contribuindo, assim, com a formação integral dos estudantes.
No artigo “Programa Criança Alfabetizada - Educação Infantil: significantes vazios e traduções no eixo de letramento e alfabetização”, a autora Karla Wanessa Carvalho de Almeida analisa os discursos que organizaram as formações continuadas oferecidas pelo PCA - Educação Infantil no primeiro semestre de 2021. A autora trabalha com a perspectiva discursiva posta por Laclau e Mouffe (2015) e Myriam Southwell (2007, 2008), Ball, Braun, Maguire (2012) e Lendvai e Stubbs (2012). Apresenta como considerações, que se encontra em curso um processo de sedimentação dos discursos que fundamentam esse currículo, e que nesses procedimentos de traduções, há uma reafirmação da transversalidade de significados, fruto contextual e relacional de interpretações do educador.
No artigo “Estado da arte das pesquisas sobre as políticas de ações afirmativas na área de educação”, Danielle de Farias Tavares Ferreira apresenta a revisão da literatura produzida sobre as políticas de ações afirmativas no Brasil, relacionadas ao campo educacional, a partir de alguns descritores como: ações afirmativas, políticas e educação. Considera, com base no foco da análise nas escolas técnicas da rede federal de educação profissional, científica e tecnológica, que ainda são poucos os trabalhos acadêmicos desenvolvidos sobre o tema na região Nordeste.
No artigo “Pesquisa no Ensino Básico: um ensaio etnográfico acerca do Pibic Ensino Médio entre a Fundaj e a Erem Cândido Duarte”, José Ribeiro de Santana Neto e Tatiane Oliveira de Carvalho Moura analisam uma experiência de iniciação científica oferecida por uma instituição de pesquisa a estudantes de Ensino Médio de uma escola pública. Com base na observação participante e no registro do caderno de campo foi verificado interações e falas dos estudantes, que trazem a percepção da constante evolução na formação dos estudantes no decorrer da pesquisa empírica.
Os artigos aqui selecionados mostram a riqueza dos estudos e debates que marcaram esta edição do Epepe, espaço consolidado de expressão das pesquisas no campo educacional, com destaque para as políticas públicas e sua repercussão nas diversas práticas pedagógicas, abrindo a todos os interessados mais uma possibilidade de aprofundamento teórico e metodológico.

Ana de Fátima P. de Sousa Abranches
Verônica Soares Fernandes