Este livro apresenta um pouco sobre um grande evento! Um encontro a distância, difícil de planejar e de realizar, mas que aconteceu! Em meio a tantas dificuldades e limitações, o nosso Epepe foi um sucesso!
Diante da pandemia de COVID-19 e da necessidade do isolamento social, o VIII Encontro de Pesquisa Educacional em Pernambuco (Epepe) ocorreu de forma remota, no período de 23 a 25 de novembro de 2021, e contou com a parceria de programas de Pós-graduação da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), da Universidade de Pernambuco (UPE), do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), da Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire), da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf,)da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), além da Rede de Educação do Semiárido Brasileiro (Resab) e da Cátedra Unicap de Direitos Humanos.
O evento foi uma iniciativa da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes) da Fundação Joaquim Nabuco, que aconteceu pela primeira vez em 2006 e consolidou-se como um evento de referência na promoção do debate sobre a pesquisa no campo educacional.
O Epepe propõe um diálogo entre pesquisadores, pesquisadoras, professores, professoras, estudantes e integrantes de movimentos sociais sobre temáticas que contribuam para as políticas e práticas educacionais.
Nesta edição, tivemos cerca de 2 mil inscrições e 520 trabalhos submetidos e avaliados por um comitê científico formado por quase 300 pessoas entre coordenadores de GT e avaliadores, distribuídos em 21 eixos temáticos.
Entre os trabalhos avaliados, 41 artigos completos foram indicados pelo comitê científico para serem publicados em quatro e-books pela notória qualidade teórica, empírica e inovadora que apresentaram na abordagem dos temas discutidos.
O presente e-book reuniu os textos que dialogaram com o tema “Linguagens, Tecnologias e Inovações nas Práticas Docentes” e foi organizado em três partes.
Na parte I, foram agrupados textos sobre linguagens, livros didáticos e uso de tecnologia, com avaliações e análises sobre aspectos diversos das práticas pedagógicas.
No primeiro capítulo, com o título “Mudanças e permanências em livros/coleções didáticas de alfabetização aprovadas pelo Programa Nacional do Livro Didático (1998 – 2016)”, Augusto Vinícius Oliveira da Silva e Alexsandro da Silva trazem uma análise de conteúdo das resenhas constantes nos Guias de Livros Didáticos de duas das coleções mais aprovadas nas edições do PNLD entre 1998 e 2016, investigando mudanças e permanências observadas nessas coleções no período indicado, considerando as referência do PNLD. Segundo os autores, a avaliação dos livros/coleções didáticas pelo PNLD implicou mudanças na forma como os autores produzem e revisam suas propostas didáticas.
De autoria de José Luiz Xavier Filho e Giorge Andre Lando, o segundo capítulo, “Entre inclusões e silenciamentos: uma análise dos livros didáticos de história da coleção vontade de saber”, discute o tema da construção de uma educação antirracista no que tange às Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Para essa discussão, os autores analisaram os conteúdos programáticos de uma coleção de livros didáticos de História (Vontade de Saber), de uma instituição de ensino da rede pública, das turmas do Ensino Fundamental do Anos Finais, verificando o quanto contemplam os conteúdos exigidos pela Lei 10.369/2003. Como conclusão, apontam para a necessidade de revisão dos livros e um apuramento melhor sobre a História e Cultura Afro-brasileira, considerando a igualdade e equidade da diversidade cultural, social, econômica, política e intelectual e o protagonismo dos negros e negras na História do Brasil.
O terceiro capítulo, “Recursos Educacionais Abertos e ensino de literatura: conexões com práticas de letramentos literários”, de autoria de Maria Kaline de Lima Pedroza, Eduardo Ferreira da Silva e Ivanda Maria Martins Silva, apresenta uma investigação sobre as práticas de letramentos literários de discentes do Ensino Médio. Na pesquisa empírica, os autores utilizaram questionários, elaboração e aplicação de sequência didática, avaliação dos resultados e concluíram que os estudantes pesquisados acreditam na possibilidade de uso dos REA em sala de aula, para motivar práticas de leitura e escrita de textos literários.
O capítulo quatro, com o título “A poesia na rede social instagram: interconexões com a formação de leitores na cibercultura”, as autoras Alexsandra Cristine de Andrade e Ivanda Maria Martins Silva buscam analisar as percepções de estudantes do Ensino Médio sobre a poesia digital divulgada no Instagram, mediante a aplicação de planejamento didático-pedagógico com uma turma do 3º ano. A pesquisa-ação revelou o interesse dos discentes na busca por alternativas de inserir as múltiplas linguagens da poesia digital no ambiente escolar.
Na Parte II do e-book, constam os textos que tratam de temas relacionados ao ensino de ciências e matemática e o uso de tecnologias e inovações nas práticas pedagógicas, focalizando alternativas para os novos contextos de ensino.
No capítulo cinco, “Tendências de pesquisas no ensino de ciências e matemática: uma revisão das publicações presentes na REnCiMA sobre ensino híbrido, uso de tecnologias e metodologias ativas”, Fausto José de Araújo Muniz e Marcos Alexandre de Melo Barros debatem as tendências de pesquisas no periódico Revista de Ensino de Ciências e Matemática, entre 2014 e 2019, sobre o uso de tecnologias digitais e metodologias ativas, em modelos de ensino híbrido no ensino das ciências e matemática. Segundo os autores, há forte tendência, entre 2018 e 2019, em estudos envolvendo uso de tecnologias educacionais, inovação pedagógica e criação de espaços híbridos de aprendizagem, beneficiados por ambientes virtuais. Seus resultados revelam a necessidade de ampliar pesquisas voltadas para o ensino de ciências e matemática, inovação de cenários de aprendizagem e metodologias ativas combinadas com tecnologias.
De autoria de Felipe Miranda Mota, Jaciara de Abreu Santos e Cláudia de Oliveira Lozada, o capítulo seis, com o título “Números naturais e a resolução de problemas na rotação por estações: uma proposta para uma aprendizagem ativa”, analisa uma proposta de atividade de matemática para o 5° do Ensino Fundamental, com base no que expõe a BNCC (BRASIL, 2018) sobre o desenvolvimento de competências e habilidades. Os autores ressaltam a importância da proposta para o momento de pandemia da COVID-19, com o ensino híbrido e a possibilidade do desenvolvimento de habilidades pelos estudantes, atuando estes como sujeito ativo na construção do seu conhecimento.
No capítulo sete, “Discalculia: quando a matemática não conta”, Milena Camila Macêdo Andrade e Thatiana Carolina Andrade de Oliveira Macêdo apresentam os resultados de uma pesquisa bibliográfica que buscou analisar a opinião de autoridades na área das dificuldades de aprendizagem em relação a matemática, aspectos importantes a respeito do transtorno da discalculia, abordando também suas características, sintomas e possíveis diagnósticos segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). As autoras identificaram possibilidades de intervenção no atendimento de crianças discalcúlicas e a necessidade de refletir sobre o preparo dos futuros professores e profissionais da educação para tratar com esta realidade.
No capítulo oito, “Avaliando possibilidades e limites da contribuição da educomunicação no ensino de geografia, em um cenário atípico de atividades remotas”, Jéssika Sabryna Gomes da Silva e Solange Fernandes Soares Coutinho propõem uma análise de como a Educomunicação pode atuar positivamente como ferramenta auxiliar no Ensino de Geografia. O trabalho discorre sobre três pontos: a diferença entre Educação a Distância e Ensino Remoto Emergencial; o que é Educomunicação e como esta pode proporcionar um Ensino de Geografia com maior qualidade. Por fim, as autoras destacam a Educomunicação como uma ferramenta eficaz ao Ensino de Geografia em decorrência da pandemia e posterior a ela, ao contribuir frente à democratização e acesso ao conhecimento da Ciência Geográfica.
No capítulo nove, “O ensino de física no modelo remoto: reflexões dos(as) discentes sobre suas vivências no estágio supervisionado”, de autoria de Ribbyson José de Farias da Silva, Alícia Rafaela Reis Arruda de Lima e Thiago Ribeiro de Souza Melo, é apresentada uma análise dos desafios relatados por discentes da licenciatura em física sobre o ensino de Física vivenciado durante o período do estágio supervisionado em tempos de isolamento social, destacando os aspectos relacionados ao conteúdo programático. O estudo aponta para a necessidade de explorar mais sobre o ensino de Física e as condições do estágio no período de distanciamento físico.
A Parte III do e-book traz relatos de experiências inovadoras na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental que apontam alternativas para uma docência com foco na criança e comprometida com valores e princípios políticos, éticos e estéticos.
Jailma Maria da Silva, Beatriz Fernanda Jacinto de Lima e Flávia Peres, no capítulo dez, “Educação infantil e a visão de sujeito subjacente à educação, no município de Vicência-PE: dialogando com Moura, Freire, Corsaro e Sarmento”, apresentam uma reflexão teórico-metodológica das experiências na Educação Infantil, sob as lentes das concepções subjacentes à Pedagogia Educacional de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável (PEADS) e em diálogo com a Educação popular e a Sociologia da Infância. Segundo as autoras, essas concepções parecem fornecer uma instrumentação relevante para a reflexão sobre a prática, com potencial para a emergência de novas ações voltadas aos contextos educacionais orientados à infância.
No capítulo onze, “Em tempos de crise, Esperançar na TV Jaboatão: crianças conhecendo Paulo Freire”, Maria da Conceição Lira da Silva, Flávia Luíza de Lira, Viviane da Silva Almeida e Maria Consuelo dos Santos analisam a efetivação de um planejamento de concepção freireana, vivenciado para a Educação Infantil durante o período pandêmico, a partir de relatos de professoras. Segundo as autoras, as aulas exibidas foram avaliadas de forma positiva pelas professoras, por terem alcançado a maioria das crianças, além do processo ter possibilitado um investimento na formação das docentes.
Giulia de Souza Neves Gomes Pinto e Ana Paula Abrahamian de Souza, no capítulo “Desafios e possibilidades de uma experiência estético-formativa, com crianças de 6 a 8 anos, em período de pandemia da COVID-19”, apresentaram experiências estéticas da Arte/Educação, com crianças de 6 a 8 anos, num espaço não formal de educação, durante a pandemia da COVID-19. Segundo as autoras, a partir da análise da intervenção, foi possível observar a Arte enquanto campo epistemológico por meio das ações e conhecimentos adquiridos pelas crianças, sendo um mecanismo essencial para o desenvolvimento crítico, social e político do indivíduo.
Agradecemos às autoras e aos autores pela confiança em submeter seus trabalhos e participar desta publicação. Esperamos que os leitores e as leitoras apreciem as reflexões e os conhecimentos que o e-book oferece.
Consideramos que o Epepe cumpriu, mais uma vez, o seu papel de fomentador do debate e, assim, participa da construção de um projeto de educação emancipatória para uma sociedade mas inclusiva e com mais justiça social.
Verônica Fernandes
Patrícia Simões