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ISBN: 978-65-86901-63-4
VIII ENCONTRO DE PESQUISA EDUCACIONAL EM PERNAMBUCO

E-BOOK 4 VIII EPEPE
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Prefácio

A AFIRMAÇÃO DAS IDENTIDADES E SUAS LUTAS NA EDUCAÇÃO

    Mais uma vez a Fundação Joaquim Nabuco, por meio da Diretoria de Pesquisas Sociais, apresenta mais um livro fruto do Encontro de Pesquisa Educacional de Pernambuco (Epepe). Em sua oitava edição, em 2021, o evento completou 15 anos de existência, consolidando-se como referência, sendo o maior evento do estado no campo das pesquisas em educação. Pela primeira vez foi realizado em formato virtual devido ao isolamento social imposto pela pandemia do COVID-19. 
    O presente livro contribui para o debate acadêmico das diversidades religiosa, de gênero e étnico-racial. Assim, os dois primeiros capítulos apresentam reflexões em torno da temática da espiritualidade. 
No texto de Lis Paiva de Medeiros e de Maria Sandra Montenegro as autoras desenvolvem um argumento teórico a partir da questão: como a noção de processos de trans-formação humana pode contribuir para pensar e repensar as relações entre espiritualidades e o campo da educação? O objetivo é elaborar e discutir esse conceito, o qual busca se embasar pela pluralização epistêmico-política das espiritualidades. 
    O segundo capítulo, por sua vez, trata de uma experiência prática que articula cultura Iorubá no contexto do gênero PodCast. Nesse sentido, Jobson Jorge da Silva, Valdênia Sabrina Fragoso de Brito e Débora Amorim Gomes da Costa-Maciel fazem uma discussão sobre a cultura de uma religião de matriz africana, analisando que o gênero em questão pode colaborar para a sua difusão a partir das mídias sociais e, ainda, dispõe sobre seu uso como instrumento pedagógico para o trabalho de docentes em sala de aula.  
    O livro prossegue com capítulos voltados para questões de gênero, de uma forma ampla. É importante trazer à baila o debate das relações de gênero que tem sido tão mal compreendida por aqueles que acusam esses estudos, de ideológicos. O primeiro capítulo a tratar dessa temática é intitulado Relações de gênero, diversidades e práticas de currículo: reflexões necessárias nos processos de formação docente, escrito por Pedro Paulo Souza Rios. Aborda as práticas de gênero e diversidade sexual presente nos currículos dos cursos de licenciatura de três instituições de ensino superior localizadas em um território do interior do estado da Bahia. Como, cada vez mais, é notória a presença de pessoas/grupos que reivindicam o direito de participação efetiva nos processos pedagógicos e na vida escolar, o caminho tomado neste estudo optou por explorar as narrativas de discentes. Entre os resultados levantados, ficam evidentes que as experiências vivenciadas nos processos formativos dos cursos de licenciatura revelam a necessidade de promover mudanças no modus operandi vigente nos currículos para promover formação docente capaz de dar conta adequadamente das pautas da diversidade sexual e de gênero no interior das instituições educacionais. 
    O artigo de Avaci Xavier e Karla Fabrício trata sobre a convivência de três escolas de referência da rede estadual de educação de Pernambuco. Os conceitos de Foucault de dispositivos de poder e as reflexões de autores do campo dos estudos de gênero ajudam a compreender o processo de idealização de um perfil de estudante como corpo dócil: “passivos, comedidos, cumpridores da ordem e que não sejam capazes de transgredir a norma”. 
    O capítulo que trata das relações de gênero na docência de Daiany de Oliveira Santos e Isaias da Silva chama atenção para o lugar dos homens na Pedagogia, tendo como objetivo: compreender os sentidos atribuídos pelos estudantes do gênero masculino sobre a sua formação no curso de Pedagogia. A pesquisa apresentada mostra como núcleos de sentidos: “I) Desvalorização do curso de Pedagogia; II) Estigmas sociais em relação ao machismo; III) A Pedagogia e o seu leque de possibilidades; IV) Pedagogia campo científico e pedagógico, e V) Necessidade de discussões sobre gênero no curso de formação”. O texto ressalta a importância de desconstruir visões preconceituosas contra a docência masculina na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. 
    Depois de esse debate de gênero girar em torno das experiências desenvolvidas no interior do sistema educacional, o tema passa a ser abordado a partir do olhar sobre os movimentos sociais feministas. 
O capítulo cujo título é “Violência contra a mulher campesina: um fenômeno (in)visível?” escrito por Siluanna Maria Gomes de Araújo e Simone Salvador de Carvalho apresenta os desafios e estratégias que contribuem para enfrentamento a violência contra a mulher campesina. Ao analisar como historicamente o Movimento Feminista atua na luta e conquista de direitos para as mulheres e como, nesse contexto, surge o Movimento de Mulheres Camponesas do Brasil, as autoras fazem uma reflexão sobre como a articulação entre poder público e sociedade civil, especialmente no período de 2003 a 2015, produziu estratégias no âmbito das políticas públicas voltadas à mulher, especificamente na formação de redes de enfrentamento e atendimento a mulheres vítimas de violência. O texto traz à discussão a necessidade de promover formação específica para todos(as) os(as) profissionais que atuam nessa rede, no sentido de construir conhecimentos e favorecer processos que contribuam com o possível rompimento do ciclo de violência, submissão e opressão ao qual, grande parte das mulheres, têm sido submetidas. 
Fechando o livro, Josemar dos Santos Ferreira, Alexandro Cardoso Tenório e Giselle Nanes trazem um artigo construído a partir da experiência do minicurso “Literatura em prática: ações afirmativas para o construto dialógico de saberes”, desenvolvido pelo Grupo PET Conexões de Saberes Políticas Públicas, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, em parceria com escola pública do estado de Pernambuco, relacionado com a Lei n.º 10.639/2003. Promovendo maior acesso dos estudantes à diversidade da produção escrita de autoria afro-brasileira, o curso valorizava trajetórias de superação e de resistência por meio da expressão escrita, articulando questões étnico-raciais e de gênero a partir de autores e autoras negras, a exemplo, Conceição Evaristo. 
Por fim, desejamos uma boa leitura. Agradecemos a todos que contribuíram para o êxito do evento e para esta publicação. 

Cibele Maria Lima Rodrigues
Maurício Antunes Tavares
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