O desenvolvimento de saberes a partir de campos epistemológicos mediados por interações sociais e culturais através do trabalho pedagógico intencional são capazes de promover rupturas frente às problematizações da visão socialmente neutra, monocultural e monodisciplinar das Ciências. O desenvolvimento de práticas pedagógicas científicas pautadas na interculturalidade busca interações possíveis entre saberes científicos e outras formas de conhecimento (SANTOS,2007). O presente trabalho foi desenvolvido em uma escola de educação básica no município de São Mateus/E.S. a partir das prerrogativas da lei nº 10.639/03 sobre a inserção da História e cultura Afro-brasileira nos processos educativos. Foi realizado na disciplina de Química e Artes, um projeto com os estudantes do 9º ano do EF e da 1ª série do ensino médio intitulado “Ciência, cultura & cores” por meio da metodologia ativa de ensino Aprendizagem Baseada em Projetos (ABProj) que buscou ampliar os conceitos científicos acerca dos indicadores naturais de solução ácido-base a partir de raízes e plantas cultivadas em comunidades Quilombolas na região norte do Espírito Santo. Como resultado, observou-se que o engajamento dos estudantes diante da descoberta de saberes interculturais trouxe possibilidades de ampliar as concepções sobre outros modos de pensar Ciências onde saberes não científicos, valores, costumes, diferenças sejam considerados formas diferentes de conhecimento. Tal perspectiva aponta para a necessidade de propor ações pedagógicas mediadas por saberes advindos de diferentes culturas buscando construir pontes para pensar uma outra visão de mundo, ampliando a capacidade de compreender o caráter social da Ciência a partir de processos educativos interculturais.