Este artigo tem como principal objetivo discutir identidades lésbicas por meio do resgate histórico de mulheres que se envolveram afetivo/sexualmente com outras durante o período colonial do Brasil. Argumenta-se que essa história deve estar presente nos espaços escolares, especialmente nas aulas de história, como parte essencial na construção de uma história e uma escola que valorizem a diversidade. A invisibilidade das mulheres lésbicas na história, sobretudo na história escolar, perpetua discursos lesbofóbicos que as consideram como algo atual ou uma consequência das problemáticas contemporâneas. Ao considerarmos as mulheres que se relacionavam com outras no passado da história do Brasil, construímos uma perspectiva significativa da existência desses sujeitos, historicizando as diversas orientações sexuais e suas formas de vivenciá-las. A partir do documento do Tribunal do Santo Ofício, que condenou 29 mulheres no Brasil no final do século XVI, e com base no resgate dessas identidades por Luiz Mott e Ronaldo Vainfas, além da discussão sobre a heterossexualidade compulsória conceituada por Adrienne Rich, resgatamos parte da história dessas mulheres e discutimos como a norma sexual imposta apagou suas histórias. Além disso, trazemos essa discussão histórica acadêmica para o espaço escolar, fundamentadas nos conceitos pós-estruturalistas de Guacira Lopes Louro sobre a relevância do estudo das sexualidades não heteronormativas na construção de uma escola que forme estudantes críticos em relação às normas impostas e reconhecedoras da pluralidade de existências. Os principais resultados dessa análise revelam a escassa discussão e pesquisa sobre essa temática, destacando a necessidade de abordá-la nos espaços escolares.