A mídia, enquanto um conjunto de meios de comunicação em massa, desponta como um elemento importante no processo de desenvolvimento da identidade em termos de marcadores de subjetividade como raça, classe, etnia, gênero, idade e orientação sexual na medida que fornecem instrumentos por meio dos quais se presentifica, por vezes, silenciosamente, o que podemos compreender por uma “pedagogia cultural”, que instrui quanto aos modos possíveis, e desejáveis, de se comportar, sentir e desejar, os valores e visões de mundo que permeiam culturas e atravessam a constituição dos sujeitos. O nosso intuito, nesse panorama, é o de ir na contramão de discursos que resistem ao uso de recursos midiáticos, buscando estabelecer um diálogo sobre o caráter pedagógico de produções culturais midiáticas no espaço escolar e fora dele. Desse modo, neste ensaio realizamos análises partindo do caráter pedagógico da mídia - , tendo como norteadores episódio(s) de duas animações: “Irmão do Jorel” e “Steven Universo”, de maneira a articulá-los com referenciais teóricos, buscando evidenciar por meio deste diálogo a função crítica e formativa que os desenhos possuem. Assim, as análises permitiram evidenciar que os episódios servem como disparadores de reflexões, juntamente com as crianças, sobre como tem se estabelecido a afetividade na relação entre elas e pessoas educadoras, não se reduzindo apenas à demonstrações de carinho, como se entende, mas também envolvendo a escuta atenta às crianças, visibilizando as suas potencialidades e seu protagonismo social, além de possibilitarem discussões a respeito da importância de serem estabelecidas relações de adultos com as crianças, no âmbito familiar e fora dele, que às permitam a expressão de si, possibilitando a (re)invenção de seus corpos e existências, abrindo espaço para experimentações.