Alguns dos discursos sobre gênero-raça-classe, desde o período colonial, influenciam negativamente a maneira como a educação sexual é vista atualmente. Diante disto, esse trabalho busca analisar as implicações que perpassam a educação sexual, arraigada por um processo de demonização e, assim, discutir como estes discursos influenciam na incidência das violações de gênero e sexualidade. A colonialidade não diz respeito, simplesmente, ao período da colonização, mas sim sobre como as relações de poder perpassaram para além desse momento sórdido e ainda se fazem presentes social e historicamente. As relações coloniais, nesse sentido, estruturam-se na lógica do colonizador e colonizado. Seguindo o sentindo binário, a tríade categórica de gênero-raça-classe se organiza impondo padrões eurocêntricos compulsórios em uma posição de neutralidade. Forjado nessa invenção pré-discursiva, gênero põe-se à serviço das genitálias para designar o sexo biológico, escorre-se tal perspectiva na divisão do masculino e feminino, os quais são levados a cumprirem funções sociais impostas, dentre elas, performar a heterossexualidade. Compreendendo isso, pauta-se sobre a interferência atual da colonialidade de gênero na percepção reducionista da educação sexual. Para a elaboração deste ensaio teórico, utilizou-se literaturas que fazem a intersecção das categorias de gênero-raça-classe em uma perspectiva decolonial: Quijano, Lorde, Butler Kilomba, Nascimento, Cisne, Almeida, Ribeiro, Fanon. Também foram utilizados aportes teóricos que dialogam com uma perspectiva de educação, inclusive da educação sexual, libertadora. Com o intuito de tornar a discussão mais didática, percorreu-se um caminho teórico sobre as intersecções que compreendem à tríade de gênero, raça e classe, posteriormente, sobre os processos de sabotagem dessa educação sexual – alicerçado por um discurso conservador munido de pretensões políticas; as potencialidades da educação sexual e, por fim, sintetiza-se sobre o papel da Psicologia frente às discussões de gênero e sexualidade. Defende-se, assim, a educação sexual de qualidade como um instrumento importante contra o sistema cisheterossexista colonial.