Partindo da concepção de que a prostituição é o exercício consciente da troca/negociação do corpo por dinheiro ou por outra compensação financeira e/ou material, com a possibilidade de infinitos/as parceiros/as e de várias experiências sexuais, pretendemos discutir acerca da entrada e das dificuldades enfrentadas pela mulher na prática prostituinte em Algarve/Portugal. Para tanto, realizamos uma entrevista semiestruturada com uma prostituta brasileira que, em busca de melhores condições de vida, imigrou ao território português. As respostas obtidas foram analisadas levando em consideração os aportes teóricos de Beauvoir (1980), Engel (2004), Pasini (2009), Pereira (1976) e Rago (2008), pesquisadores estes que evidenciam a relação direta do meretrício com a economia, as relações de gênero e o trabalho, envolvendo um movimento triangular entre alguém que vende os serviços sexuais (o/a prostituto/a), alguém que compra tais serviços (o/a cliente) e o objeto negociável (o sexo). Os resultados deste trabalho sinalizam para o fato de que a necessidade de dinheiro para se manter em Portugal foi o principal motivo para a entrada da informante no mundo da prostituição, enquanto a exigência do sexo sem preservativo e a agressividade devido ao uso excessivo de álcool e de drogas ilícitas por parte dos clientes são as principais dificuldades encaradas pela profissional em seu ofício.