Reconhecer o caráter singular e individual da leitura literária encontra-se no cerne das discussões contemporâneas sobre o ensino de literatura. Nessa perspectiva da leitura subjetiva, este artigo tem como finalidade apresentar possibilidade de mediação da leitura do romance Até o dia em que o cão morreu, de Daniel Galera (2007), obra que representa uma urgente necessidade de suscitar reflexões e trazer à luz sujeitos historicamente excluídos, além de possibilitar a desconstrução de percepções preconceituosas acerca de transtornos psíquicos. Partindo de uma abordagem descritivo-qualitativa e dos pressupostos teóricos da leitura subjetiva, especialmente da concepção propalada por Rouxel (2012, 2013), desenvolvemos uma proposta metodológica do romance por meio do diário de leitura, instrumento que permite ao leitor adentrar a temática sensível ainda considerada tabu no meio social e favorecer o alargamento dos horizontes de percepção do mundo e de si, o que acarreta na formação de leitores críticos. Os resultados apontam contribuições que subsidiam a prática de leitura literária em sala de aula capaz de promover tanto a valorização da subjetividade leitora como a visibilidade de pessoas com problemas de saúde mental – especialmente relacionados à ansiedade e à depressão –, configuradas como grupos marginalizados em decorrência do estigma que essas doenças carregam socialmente.