Este texto versa sobre as políticas públicas de educação na reforma agrária. O trabalho de campo foi realizado no Espírito Santo, onde houve apenas uma oferta de curso técnico pelo Pronera; o que nos instigou pesquisar os motivos de não haver outras ofertas. Para entender o Pronera no Espírito Santo, foi necessário compreender a história do MST no estado. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, bem como dissertações e teses localizadas a partir de busca na plataforma da Capes. Realizamos entrevistas com os egressos do curso técnico em agropecuária com ênfase em agroecologia ofertado pelo Pronera em São Mateus – ES, utilizando as técnicas da história oral. A sustentação teórica desta pesquisa está nos conceitos de Experiência e Cultura de Raymond Williams (1989) e E. P. Thompson (1981; 1998; 2002) os estudos sobre Trabalho de Eric Hobsbawam (2015) os estudos sobre o MST a partir de Miguel Arroyo (2004) e Roseli Caldart (2004. Percebemos que a ocupação do norte do Espírito Santo cresceu entre 1920 a 1940, com desmatamento da mata atlântica e exploração da madeira nativa e posterior inserção de lavouras de ciclo anual e por fim a inserção da cana-de açúcar e da pecuária. Este processo atraiu imigrantes europeus. Com o Golpe de 1964, a elite capixaba cria grandes complexos agrícolas e agroindustriais. Na outra ponta, a agricultura familiar foi gradativamente inviabilizada, por ausência de políticas públicas para o trabalhador do campo. Além da degradação ambiental ocasionado pelo cultivo da cana de açúcar, os grandes proprietários começaram a tomar as terras dos pequenos proprietários, os que não vendiam, ficavam inviabilizados de cultivar em seus lotes de terra em função do tipo de trato cultural da cana, que infestava as demais culturas com pragas e doenças. O MST surge no estado em 1983, a partir de reuniões de famílias que se percebiam “lavradores desempregados” e residiam na periferia da cidade de São Mateus. O processo de ocupação de terras se deu entre os anos de 1985 a 1995, é uma história marcada por muita luta, perseguição e mortes. Atualmente existem cerca de 40 assentamentos. No estado, não há novos acampamentos e a liderança do MST nos afirmou em pesquisa que o trabalho é de legalização dos títulos de terra para quem já está assentado e regularização dos acampamentos já ocupados, além de resistência aos ataques do capitalismo contra os trabalhadores, que no caso do campo brasileiro é representado pelo agronegócio. Percebemos que a história do MST no Espírito Santo, ainda em construção é uma história de luta e resistência da população do campo na garantia de qualidade de vida e políticas públicas para a população do campo.