Este trabalho se configura como um relato de uma experiência artística e docente realizada no curso de Licenciatura em Dança da Universidade Federal de Pernambuco – PE, semestre letivo 2022.1, entre julho e setembro de 2022. Ao assumir a docência do componente curricular Oficina de Dança 5, disciplina obrigatório para discentes do 5o período na qual estiveram matriculados doze discentes, propus um caminho teórico-metodológico a partir do que indicava inicialmente sua ementa: “uma introdução ao estudo dos fundamentos de proposições corporais específicas, tais como danças étnicas, danças sagradas, danças de salão, danças urbanas, entre outras”. Foram trazidas a nossos corpos provocações reverberadas a partir da leitura norteadora e das discussões do texto “BATUCAR – CANTAR – DANÇAR: desenho das performances africanas no Brasil” (LIGIÉRO, 2011). Questionamos: como foi possível no Brasil o desenvolvimento de tantas danças que utilizam a descontinuidade no uso do torso em requebros, remelexos, gingas, negaceias, rebolados e outras variações? Graças às performances/danças herdadas de seus antepassados ou trazidas pelos ascendentes africanos (p. 135). Partindo dos pressupostos do filósofo congolês Bunseki Fu-Kiau sobre o conceito de performance (as ações de “batucar”, “cantar” e “dançar”), foram propostas investigações corporais integrando princípios de movimento (como as batidas de pés, a semiflexão dos, joelhos, a busca pelo chão e a mobilidade da pélvis) com danças afrodiaspóricas: como sagradas, as danças dos orixás; como urbanas, o frevo, o funk, o brega-funk e o reggaetón; como dança de salão, o brega pernambucano. Meu principal objetivo como docente foi repensar o ensino de uma disciplina de caráter inicialmente técnico/prático sob uma perspectiva metodológica antirracista, baseada principalmente na Pedagogia da Autonomia (FREIRE, 2002) e da Pedagogia das Encruzilhadas (RUFINO, 2019). Saravá! Sobre corpos pretos, urbanos e periféricos foi o nome dado a mostra de trabalhos de encerramento da disciplina.