O presente trabalho intenta desenvolver um estudo acerca da dinâmica dos processos identitários norteado pelos acontecimentos que conduzem a narrativa do romance Meio Sol Amarelo (2008), da autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. O romance Meio Sol Amarelo, objeto deste trabalho , configura-se espaço de denúncia social e mecanismo de ruptura da narrativa etnocêntrica de um continente africano homogêneo e o imaginário de uma África de atraso, habitada por selvagens. Sob este prisma, discorre-se sobre o modo como a autora problematiza as relações entre História e Literatura como formas de conhecimento das questões humanas. Por meio de histórias plurais, o romance adichiano resgata a voz de sujeitos crítico-reflexivos, tencionando a superação das barreiras dos processos de silenciamento e apagamento experienciados pelas comunidades de matrizes africanas. De modo dialógico com as questões que giram em torno de raça, gênero e relações inter-raciais problematizadas em Meio Sol Amarelo, discorre-se acerca do processo de (des)construção identitária de suas personagens centrais, bem como a segregação étnica da qual são alvo. A leitura analítica dos dados indica que, a partir da memória de seu povo, Adichie fundamenta novas perspectivas sobre o debate racial e os desafios de ser mulher e negra na sociedade contemporânea, de modo a reforçar o perigo das versões e visões hegemônicas.