É comum recordarmos histórias de conhecimento popular contadas por gerações anteriores que envolvem seres mitológicos em que é possível retirar diferentes ensinamentos e morais. Neste sentido, contar histórias locais que envolvem lendas e mitos é uma forma de fazer que a cultura e história de um povo não se apaguem ou sejam esquecidos, fazendo resistir ao longo do tempo, todavia, os mitos correspondem ao que consideramos a Fauna Fantástica e estão relacionados a elementos da oralidade da cultura popular, em que sua maioria não estão em livros e outros registros. Logo, a aparição dos mitos além da comunicação oral e registrados em diferentes ferramentas é importante para manutenção dos seres da Fauna Fantástica. Os mitos brasileiros partem de influências das etnias indígenas, africana e portuguesa. Portanto, é normal que estes mitos estejam miscigenados devido a influências e o passar do tempo. No estado do Rio Grande do Norte, existem mitos genéricos como o Curupira, Caipora, Mboi-tatá, Lobisomem, Mula Sem Cabeça, Bruxa, e o Papa Figo e também há registro de mitos exclusivos do estado como a Anta Esfolada, as Cobras da Lagoa de Extremoz e a Índia Cantofa. Os seres da Fauna Fantástica possuem uma grande carga simbólica, correspondendo a interpretação de mundo coletiva que é histórica, repassando ensinamentos que constroem características nos indivíduos. Na educação básica, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) condiciona para compreensão do mundo e formação da identidade nos objetivos do ensino de geografia, logo, o uso da vivência, memória e identidade possibilitam utilizar os mitos no resgate da memória, fortalecer a identidade e valorizar a pluralidade cultural. O ensino de geografia deve compreender a importância dos mitos na construção de sentidos e organização socioespacial. Portanto, os mitos apresentam características que proporcionam potencialidades para serem trabalhadas no ensino básico para além de divulgação da cultura.