Fruto de pesquisas no transfronteiriço universo da educação e saúde, este trabalho discute o sofrimento mental e os conflitos quanto ao gênero na docência universitária, antes e depois do início da pandemia da COVID 19. Como campo investigado, instituições universitárias públicas de Minas Gerais, onde coletados foram dados que permitiram melhor compreender as correlações entre sofrimento mental, trabalho docente e gênero. Tal empreendimento foi construído a partir da perspectiva antropológica médica, a abordagem qualitativa e o caráter descritivo quanto aos objetivos. Conforme apontou o campo a partir dos sujeitos de pesquisa, docentes mulheres nas mais variadas funções no espaço universitário, o contexto do trabalho professoral dialoga com a sobrecarga de trabalho diante das múltiplas naturezas das tarefas docentes (gestão, ensino, pesquisa e extensão); com as relações de conflito na tríade casa, trabalho e pandemia; com a precarização, a intensificação, a extensificação do trabalho da professora, inclusive, na faceta remota; e, por fim, com as custosas e desiguais relações de gênero, atravessadas pelo desafio da intersecção entre maternidade, o papel do ser mulher no lar e a docência. Conforme investigado, o sofrimento mental advindo dessas esferas ainda antes da pandemia é nela potencialmente amplificado, requerendo ações de cunho efetivo com vistas promoção da saúde mental da professora que, mulher, docente se faz na universidade. Diante disso, considera-se que, em relação à promoção da saúde mental das mulheres-pesquisadoras-mães-filhas, no âmbito micro, são requeridas ações-práticas do cuidado físico e mental, da amizade, da troca entre os pares e discentes. Já no âmbito macro, suscita-se ações maiores e estruturantes da organização do trabalho docente nas universidades na busca de ressignificar a ideologia sexista ainda vigente e a relação de produtivismo e competência profissional.