Neste trabalho iremos abordar sobre a Escola do Cerrado, nascida durante a pandemia da Covid-19 em 2020. Nesse período, a Secretaria de Educação do Distrito Federal optou por, por segurança, transferir os estudantes para o ensino remoto. Aos sem acesso a dispositivos eletrônicos e à internet de qualidade, a estratégia adotada foi viabilizar orientações de estudos e atividades avaliativas de maneira física, para serem respondidas e devolvidas para correção, à escola, dentro de um prazo. No entanto, tal adaptação, pressupunha o suporte familiar na mediação do processo de aprendizagem do estudante. Nem todas as famílias, por sua vez, gozavam de condições para oferecer o suporte necessário. Esse era um caso comum de uma ocupação no centro de Brasília, formada, principalmente, por profissionais de reciclagem, dado seus baixos níveis de escolaridade e a impossibilidade de trabalhar remotamente. Nesse contexto, uma equipe voluntária tratou de assistir às crianças e adolescentes da ocupação em suas questões pedagógicas. Assim, surge a Escola do Cerrado. Com o retorno às aulas presenciais, a Escola do Cerrado manteve-se dando suporte aos estudantes, haja vista que as demandas pedagógicas não cessaram e que, somaram-se à essas, demandas psicossociais, frente a condição de vulnerabilidade social dos assistidos. Atualmente, o coletivo atende estudantes de cinco regiões do Distrito Federal de forma itinerante. A análise da Escola do Cerrado baseou-se no método da cartografia para mapear os processos desenvolvidos ao longo dos três anos de projeto e os aportes teóricos foram os conceitos de comunidade escolar, pedagogia da autonomia, pedagogia do afeto trabalhados por bell hooks e Paulo Freire. Constatou-se, assim, como o direito à educação ainda é uma conquista a se ter na práxis cotidiana, que se garante, tantas vezes, através de movimentos sociais que constroem pontes de uma pedagogia amorosa e afetiva para manter a educação viva.