Entende-se que o racismo é parte de uma construção sociopolítica, naturalizadora da inferiorização do negro que dificulta o acesso à cidadania plena. Portanto, é preciso que ele seja combatido de forma permanente e cada vez mais cedo. Neste sentido, o presente artigo tem como objetivo propor uma reflexão sobre a utilização das histórias em quadrinhos no ambiente escolar como ferramenta na desconstrução do racismo. Entendendo que a escola é um espaço privilegiado na formação social e cultural do indivíduo, e que as histórias em quadrinhos por todo o seu apelo verbo-visual podem se prestar a diversas aplicações educacionais, o que foi reconhecido pela Lei de Diretrizes (LDB) de 1996, tomamos como objeto de análise qualitativa o estudo da história em quadrinhos Jeremias: Pele, lançada em 2018 pelos estúdios Maurício de Souza. Na história, o protagonista se entende enquanto um menino negro a partir da experiência do racismo em sua escola, o que suscita discussões em sua casa, com seus pais, a respeito de negritude e autoestima. A partir de uma perspectiva multidisciplinar (Literatura, Psicologia e Educação), tomamos por fundamento teórico contribuições de diversos autores que discutiram essas temáticas. Ademais, discutimos a utilização dos quadrinhos na escola e os impactos do racismo na mentalidade das crianças em idade escolar, ressaltando o papel dos quadrinhos como um importante motivador de reflexões sobre a questão racial, um fato que impacta grande parcela da sociedade brasileira.