O erro em atividades de matemática tem sido compreendido de diversas maneiras na literatura. Alguns desses estudos entendem o erro como uma falha do estudante, outros como um instrumento para educação; contudo, mesmo os estudos que compreendem o erro como parte da aprendizagem, concebem-no como um episódio pontual no processo educativo, procurando ora eliminá-lo, ora corrigi-lo. Propomos entender o erro como uma vivência sociocultural dos estudantes, entendendo-o de maneira holística de como os discentes sentem e imaginam o processo de errar. No presente estudo, investigamos como um grupo de seis estudantes do 6° ano do ensino fundamental em uma escola da cidade do Recife imaginou e vivenciou o errar na realização de atividades matemáticas. Utilizou-se como instrumentos: entrevistas semi-estruturadas, atividades matemáticas, e uma produção artístico-manual intitulada “Caixa de Surpresas”. O estudo envolveu duas etapas: 1) oficinas em grupo, compostas por atividades matemáticas e entrevistas coletivas; e 2) produção artística individual da Caixa de Surpresas e uma entrevista com cada estudante. Empregou-se como referencial teórico-metodológico uma abordagem sócio-histórica a partir dos estudos de vivência de Vygotsky e Verosov, da imaginação de Zittoun e colaboradores, e da análise microgenética histórico-relacional de Fogel e Garvey. Observou-se que os estudantes imaginam o errar antes mesmo da correção da atividade matemática e esta antecipação de erros influencia a resolução da tarefa. Propomos que a imaginação é um processo importante na construção e transformação da vivência do errar pelos estudantes. Recomenda-se a ampliação de pesquisas que utilizam a perspectiva do erro como uma vivência sociocultural, a fim de aprofundar o entendimento de como os elementos imaginativos dialogam com crenças e afetos durante atividades matemáticas, sejam estas vividas na sala de aula ou fora da sala de aula.