O docente, em qualquer contexto de ensino, assume a necessidade da utilização não apenas da fala para comunicar-se, mas da expressão corporal, da modulação de suas emoções, da consciência do corpo, da voz e do lugar que assume perante o outro com quem deve manter uma relação dialética. Seu modo de falar, de caminhar, de olhar, de ouvir ou simplesmente de manter-se em silêncio, observando atentamente os demais ao seu redor, pode afetar significativamente a atenção e o interesse do seu interlocutor, consequentemente, interferir nos processos de ensino-aprendizagem. Todavia, nota-se que esse “saber docente” é comumente negligenciado na formação de licenciandos em Física, principalmente ao que tange o uso da linguagem e da comunicação, competências intimamente ligadas ao teatro. Certamente que, tão complexo quanto à formação docente, por sua vez, é a formação profissional em artes cênicas, de forma que não se pretende minimizar, simplificar ou resumir essa última em uma “prática utilizável” por professores. Desse modo, objetiva-se discutir uma aproximação entre o educar e o atuar com o intuito de levantar saberes que são caros às duas áreas, muito embora negligenciados pela segunda. Nesse movimento de (re)pensar a formação de docentes em Física sob uma perspectiva mais humanística, nos deparamos com os “jogos teatrais” enquanto estratégia metodológica e recurso formativo, idealizados pela autora e diretora de teatro, Viola Spolin. Em linhas gerais, nota-se que os jogos teatrais podem configurar-se em uma forma concreta de método do teatro capaz de favorecer e desenvolver a consciência corporal, de voz, de espaço, bem como estimular a criatividade e a espontaneidade. Espera-se que esse estudo e discussões possam constituir-se enquanto subsídio teórico para reflexão e possível reformulação da formação docente em Física, especialmente no tocante aos saberes essenciais à prática docente.